Se vocês querem ver uma série da pesada, com todos os elementos que fazem da HBO um espaço de criação nesse novo mundo televisivo dos nossos dias,
vejam Girls.
Em um grupo de quatro jovens mulheres nos seus vinte a algo anos, três são as beldades que mais ou menos se espera e a outra é uma gordinha levemente esquisita, mas que leva o namorado gato que todas cobiçam. Ela também aparece nua o tempo inteiro e faz sexo o tempo inteiro, mesmo que ele seja sempre tão esquisito quanto Hanna, a tal moça esquisita que centraliza as ações em Girls.
Hanna é o personagem vivido por Lena Dunhan, a jovem realizadora que criou, escreve, atua e produz Girls, tudo isso aos 26 anos de idade. As comparações com Sex and the City param no número de mulheres, quatro. Sex and the City é a celebração da impotência feminina disfarçada por bolsas, sapatos e chapéus que todas desejariam ter. Girls é afirmação do pós-feminismo americano, que diz simplesmente que poder é querer. Lena é quem manda, portanto, pode tudo, e é somente assim que as mulheres vão romper com a ditadura do corpo, criando um mundo onde gordinhas possam se dar tão bem quanto gordinhos.
Lena prova que rostinho bonito conta, mas mandar na banda conta mais, e essa é a primeira lição de Girls. Sobre as outras, falaremos mais adiante, aqui mesmo, como sempre.
Em série
Marcelo Carneiro da Cunha: O que elas querem é poder
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