Esqueça a lona, o picadeiro, a mulher barbada e a foca com a bola no nariz. Ou melhor, esqueça apenas a mulher barbada e relativize os demais elementos: o circo mudou e agora está em todo o lugar. E discutir essa presença é um dos objetivos do 1º Festival de Circo de Porto Alegre, que ocorre de segunda até o próximo domingo.
Organizado pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos de Diversões do Rio Grande do Sul (Sated) e pela Secretaria Municipal de Cultura, o evento apresentará números circenses variados, seminários e palestras, divididos entre o Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues (Erico Verissimo, 307), o Teatro de Câmara Túlio Piva (Rua da República, 575) e o Museu Joaquim José Felizardo (João Alfredo, 582).
A ideia é oferecer um panorama da produção local, além de debater o circo para além do entretenimento.
- Discutiremos desde mudanças estéticas pelas quais o circo vem passando nos últimos 30 anos até questões políticas, dramatúrgicas e a proibição do uso de animais. Além de oficinas para aprimoramento artístico - explica Mima Ponsi, organizadora e produtora do festival.
O espetáculo Etc..., do Circo Híbrido, é um bom exemplo desse novo momento das artes circenses. Nele, números típicos do circo clássico ganham releituras inusitadas pelo quarteto Luís Cocolichio, Tainá Borges, Lara Rocho e Roberta Alfaya.
- Somos quatro amigos que viajaram o mundo pesquisando novas maneiras de usar elementos simples, como bolas e bambolês, para criar um espetáculo inédito - diz Tainá.
Não significa, no entanto, que o bom e velho circo - aquele de lona, picadeiro e, vá lá, mulher barbada - tenha morrido. Pelo contrário.
- O circo clássico nunca vai desaparecer. Tanto que teremos a honra de contar com a presença dos Bonaldo, uma das famílias circenses mais antigas e prestigiadas do Rio Grande do Sul - esclarece Mima.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO
SEGUNDA
O evento abre sua programação no Museu Joaquim José Felizardo com dois espetáculos. O primeiro, às 18h, é o show O Dono do Circo ou O Vendedor de Ilusões, em que Eduardo Toledo interage com a plateia em números de mágica. A segunda apresentação, às 18h30min, traz o malabarista mexicano Braunny, que brinca com chapéus, maletas e guarda-chuvas no show Sombrero Sombreritus. Ambos têm entrada franca.
TERÇA
Ludmila Piva interage com objetos diversos no espetáculo Formas Fugazes, às 18h, no Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues. Depois, às 18h30min, Carol Martins apresenta a performance de malabarismo com intervenções Caixa Constelação. Ambos têm entrada franca. Terça e também na quarta, ocorre o seminário Artes Circenses: Estéticas, Diversidades e Mobilização Política, das 19h às 22h, na Sala Álvaro Moreyra.
QUARTA
Com inscrições encerradas, as oficinas dos mestres acrobatas Edson Silva e Leon Schlosser serão ministradas na quarta e quinta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h, no Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues. No mesmo local, às 18h, Feliciano Falcão Cavalcanti Lins apresenta O Homem do Gato. Às 18h30min, Michel Viegas desafia as leis da gravidade no número Aerial Straps. Ambos têm entrada franca.
QUINTA
Sebastian Bonaldo se apresenta com trapézio, às 18h, no Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues. Às 18h30min, o equilibrista Charles Bonaldo caminha sobre cabo de aço. Às 19h30min, Edson Silva e Leon Schlosser protagonizam o número O Tempo. Todos têm entrada franca. Já no Teatro de Câmara Túlio Piva, o Circo Híbrido apresenta o espetáculo Etc..., quinta e sexta-feira, às 21h, com ingressos a R$ 5.
SEXTA
No Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues, a Cia Dêideia apresenta Circologias de Rua às 18h. Às 18h30min, Vanessa Bonaldo protagoniza acrobacias aéreas. Ambos têm entrada franca. De Brasília, o coletivo Instrumento de Ver mostra O Que Me Toca é Meu Também, de sexta a domingo, às 21h, com ingressos a R$ 5. Na Sala Álvaro Moreyra, Ivar Mangoni apresenta Inércias, de sexta a domingo, às 20h, com entrada franca.
SÁBADO
O palhaço Josué de Lima apresenta a performance João Grandão, em que interage com a plateia usando diversos objetos retirados de uma mala - às 15h, no Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues. Às 15h30min, o pessoal do Núcleo Semente, do Circo Girassol, vira do avesso no número O Circo é Nosso. Às 17h30min e às 18h é a vez da performance Globo da Morte com o Planet Circus. Todos têm entrada franca. No Teatro de Câmara Túlio Piva, Heloísa Nequete e Roberta Alfaya apresentam Flores para Livry, sábado e domingo, às 21h. Os ingressos custam R$ 5.
DOMINGO
Genifer Gerhardt mostra sua personagem Palitolina, no Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues, às 15h, com o espetáculo de clown Espera. Às 15h30min, a Companhia Atmosfera traz ao público uma família circense envolvida com números de acrobacias em Laços. Às 17h30min e às 18h, o Globo da Morte novamente toma conta do estacionamento do Centro Municipal de Cultura. Todos têm entrada franca.
O show se renova
1º Festival de Circo de Porto Alegre apresenta espetáculos, oficinas e seminários
De segunda a domingo, evento será vitrine para a nova produção e colocará as artes circenses em debate
Gustavo Brigatti
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