Breaking Bad está num canto do ringue, Modern Family, do outro, How I Met Your Mother está por aí em algum lugar, e Game of Thrones foi ali tomar um pouco de veneno e já volta.
Em um cenário tão variado existe espaço para quase tudo, e entre esse tudo, as boas e velhas comédias românticas que não estragam a tarde de ninguém.
Hart of Dixie é uma dessas. Tomemos uma bela e jovem cirurgiã nova-iorquina, Zoe Hart, destinada ao sucesso profissional e pessoal. Coloquemos a moça e seus shorts em uma cidadezinha do fim do mundo, que, para quem não sabe, fica no Alabama, sul profundo americano. Tornemos a cidade um lugar insuportavelmente simpático, no qual todo mundo passa o tempo inteiro se apaixonando por alguém levemente desajustado ou com a inadequação apenas suficiente para tudo quase dar certo. Coloquemos ali uma coleção impressionante de seres humanos tão bidimensionais quanto irresistíveis e pimba, temos um seriado de sucesso, tanto pelas qualidades quanto pela ausência de defeitos, ou de qualquer importância.
Realismo não é o forte. Afinal, em qual cidadezinha do Alabama reina a mais absoluta paz racial, minha gente? Mas, para quem está apenas querendo que a tarde passe tão suavemente quanto um pote de sorvete Häagen-Dazs, pra que serve o realismo?
O truque das séries é preencher todos os espaços de nossos desejos e emoções. Hart of Dixie serve muito bem para fazer com que a gente esqueça do resto e se concentre no bom e velho amorzinho. Desde os gregos que isso funciona. Não é justamente agora, justamente na TV, justamente aqui, que deixaria de funcionar.
Em série
Marcelo Carneiro da Cunha: Para quem gosta de fazer amorzinho
"Hart of Dixie" é uma dessas boas e velhas comédias românticas que não estragam a tarde de ninguém
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