A Academia Sueca mandou muito bem. O Nobel de Literatura deste ano para a escritora canadense Alice Munro é mais do que justo e oportuno (ela está com 82 anos): é inspirador. Se alguém se pauta por prêmios literários para apostar em nomes pouco conhecidos, e esse é o grande mérito dos prêmios, vai descobrir nos livros dessa autora um universo literário de enorme profundidade humana, mas que exige do leitor o tempo e a disposição para desacelerar.
> Escritora canadense Alice Munro é a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura
É preciso ler Alice Munro sem pressa. Nos seus contos, a ação se desenrola lentamente, como um dia de inverno em uma pequena e remota cidade no interior do Canadá. Mas exatamente quando você acha que nada está acontecendo, é aí que ela te dá um soco no estômago, como quem diz que a vida não é calma, tranquila ou previsível em nenhum lugar, nem mesmo no interior do Canadá. Os livros de Munro mostram que nada, nunca, é apenas o que parece na superfície de uma leitura apressada.
Descobri Alice Munro através de uma indicação do escritor americano Jonathan Franzen. A contista que costuma ser comparada a ninguém menos do que Anton Tchékhov e Virginia Woolf é a autora favorita dele. Tornou-se a minha também depois que li Dear Life, lançado no Canadá no ano passado. No Brasil, a Companhia das Letras acaba de lançar O Amor de uma Boa Mulher, de 1998 (ela escreveu 14 livros).
A partir de agora, com certeza, se tornará a escritora de favorita de muita gente ao redor do mundo. Mandou bem, Academia Sueca.
Opinião
Cláudia Laitano: Nobel foi justo, oportuno e inspirador
Os livros de Munro mostam que nada, nunca, é apenas o que parece na superfície de uma leitura apressada
Cláudia Laitano
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: