
Você é uma cantora teen que conquistou toda uma audiência sendo meiga e delicada, cantando sobre corações partidos em videoclipes fofinhos. Agora que já não é mais tão teen assim, o que você faz? Muda seu estilo musical para algo mais sóbrio, mirando o público adulto, ou veste uma malha branca e sai beijando uma boneca na piscina?
Se você é a cantora Miley Cyrus, acabou de assinalar a segunda opção.
Quer sensualizar? Confira dicas para ter o estilo de Miley e Britney
Sexy, Miley Cyrus é clicada por Mario Testino para revista americana
A reviravolta ocorreu há uma semana, quando foi ao ar o clipe de We Can't Stop, faixa do próximo disco de Miley, ainda sem data de lançamento. No vídeo que segue todos os clichês do gênero musa pop abusada, a cantora participa de uma festa, vestindo roupas provocantes e fazendo coreografias lascivas, numa performance surpreendente para quem, até bem pouco tempo, encarnava a angelical personagem Hannah Montana no canal da Disney.
Confira o clipe:
Impressionada, a conservadora mídia norte-americana classificou o vídeo de "insano" (revista Billboard), "escandaloso" (MTV) e "chocante" (LA Times) - reação semelhante à despertada quando Britney Spears, Christina Aguilera ou Nelly Furtado protagonizaram o mesmo movimento em suas carreiras.
Não que elas tenham sido as precursoras em meter o pé na jaca para inaugurar uma nova fase na carreira. Mas o que antes era um caminho natural, hoje é parte de um plano de marketing bem urdido nos escritórios dos conglomerados de música.
O exemplo máximo é Madonna, que mudou de rebelde festeira para provocadora religiosa e devoradora de homens enquanto amadurecia como artista e sempre amparada por um discurso sólido. Não é nem de longe o caso de Miley ou de suas antecessoras.
- Isso faz parte do pacote de qualquer artista ligado a um grande grupo. Eles precisam constantemente gerar números, seja de vendas de discos, seja de views no YouTube, e chega uma hora que só a música não basta. Então, opta-se por explorar uma imagem mais sexualizada - avalia o crítico e jornalista musical Marcelo Ferla.
Pelo menos no que toca às visualizações, a estratégia funcionou para Miley: We Can't Stop quebrou o recorde de Justin Bieber como o vídeo mais assistido em 24 horas, num total de 10,7 milhões de espectadores. Atualmente, ultrapassa os 30 milhões.
Para Rafael Terra, CEO da agência Fabulosa Ideia e professor de Marketing da ESPM e SENAC, forjar uma imagem sexualmente apelativa é expediente necessário no universo pop não apenas para se manter em evidência hoje, mas para garantir sobrevivência.
- Marqueteiramente falando, é benéfico, se estiver nos planos da cantora conquistar o mercado. A Alanis Morissette, por exemplo, continua romântica e pensativa sobre a vida. Resultado: as vendas caíram e não conquistou novo público.
Ferla, inclusive, aponta que a mudança de rumos nem sempre é ruim para a artista:
- Não sei da Miley Cyrus, mas a música da Britney Spears, depois que se tornou devassa, ficou mais interessante.
Para Carlos Eduardo Miranda, produtor musical e jurado do programa de calouros Astros, toda a questão pode ser resumida com a seguinte frase:
- Garotas boazinhas vão para o céu, garotas más vão aonde bem entendem.
Vai longe essa Miley, então...