Com tinta, pincéis, sprays e madeira nas mãos, 50 artistas têm nos últimos dias mudado a cara do Museu Brasileiro da Escultura, o MuBE, nos Jardins, zona sul de São Paulo. Na próxima terça-feira (22), será aberta ali a 2ª edição da Bienal Internacional Grafitti Fine Art. Além dos painéis e instalações montados nas salas de exposição, as paredes externas do prédio - que também integram a mostra - estão ganhando novas cores e formas.
A exposição reúne nomes internacionais e nacionais de grafiteiros. Todos participam do evento pela primeira vez. Entre eles, há estrelas, como o nova-iorquino Daze, de 50 anos, um veterano da segunda geração do grafite americano. Mas quem ganhou destaque mesmo antes de o evento abrir foi Crânio, grafiteiro do Tucuruvi, zona norte da capital, chamado pela TV Globo para pintar o cenário do reality show Big Brother 13.
É dele o muro colorido que rodeia a piscina da casa do programa. A marca registrada desse paulistano de 30 anos é a figura de um índio, que já foi pintado em vários muros das ruas de São Paulo.
- Coloco meu personagem só em locais em que ele possa interagir com a cena - explica Crânio, que desenhou seu índio, por exemplo, deslizando sobre o corrimão da pista de skate do lado da Câmara Municipal.
Ex-vendedor de filtros de água e ex-office boy, Crânio não é uma grife como osgemeos, mas há mais de cinco anos passou a viver só da arte. Desde que seu trabalho apareceu no Big Brother 13, porém, virou alvo de críticas entre os colegas.
- Foram vários comentários no Facebook. Tem gente que diz que minha obra perdeu o sentido.
- Há um certo preconceito com o trabalho que ele fez no Big Brother - diz Renata Araújo, diretora do museu.
- Sua intervenção vem sendo chamada de decoração, não de grafite.
Crânio explica:
- Grafite é o que eu faço na rua. Mas tenho outros trabalhos. Grafite é um movimento. Em toda essa discussão, existe um certo "ciuminho artístico". Tem grafiteiro da Bienal que se apresenta dizendo apenas 'que não é o cara do Big Brother'.