Lírico, cômico, épico. Com essa multiplicidade de linguagens, a Companhia de Solos & Bem Acompanhados leva para o palco o pensamento de Erico Verissimo.
Intitulado Um Certo Capitão Verissimo, o espetáculo estreia neste sábado (15/12), às 20h, com sessões também na terça-feira (18/12), às 15h e às 19h, no auditório Barbosa Lessa do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (Andradas, 1.223, fone 51 3228-9710), em Porto Alegre, com entrada franca (retirada de senhas uma hora antes do início de cada apresentação). A produção é comemorativa dos 10 anos do espaço.
A peça é uma celebração dos textos do escritor. Conta com trechos de Incidente em Antares, O Tempo e o Vento, Solo de Clarineta e Fantoches. O objetivo foi extrair não apenas a literatura de Erico, mas principalmente a visão de mundo que transparece em seus romances, contos e relatos memorialísticos. As músicas funcionam como espécies de vinhetas entre as cenas. O roteiro e a direção são de Paulo Mauro, que concebeu o espetáculo com Deborah Finocchiaro.
- Identifiquei-me profundamente com algumas coisas que ele falava. Em um texto, diz que não podemos entregar para as máquinas eletrônicas a solução dos problemas humanos - observa Deborah, que divide o palco com os atores Elaine Regina, Leandro Roos Pires e Marcelo Adams e com a instrumentista convidada Denise Fontoura.
O Erico Verissimo que se desvelou durante o processo de criação foi, acima de tudo, um humanista, atento a questões de injustiça social. O outro é uma preocupação constante, registrada em uma prosa transparente que tem como objetivo estabelecer uma comunicação com o maior número possível de leitores, e não apenas com uma camada de privilegiados.
- Erico escreve de uma forma acessível. Nesse ponto, eu o associo com Mario Quintana - compara.
A lembrança não é ocasional. Em 2006, ela estreou o espetáculo Sobre Anjos & Grilos, dirigido em parceria com Jessé Oliveira, que se debruçava sobre a obra do poeta em uma multiplicidade de linguagens semelhante ao processo do novo espetáculo.
- Essa abordagem apareceu na minha história em 1999, na peça Hobárcu, sobre a obra do (pesquisador e escritor catarinense) Franklin Cascaes. O que estava sendo dito me interessava tanto quanto a linguagem utilizada. Foi um marco na minha relação com o teatro.
Da literatura para o palco
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