Se o Linkin Park tem um dono, ele é Mike Shinoda. Um dos fundadores da banda, o músico acumula desde o início o cargo de vocalista, guitarrista, compositor e diretor de arte - e em 2007 passou a assinar a co-produção dos álbums ao lado do gigante Rick Rubin. Direto de sua casa e base de operações do LP em Los Angeles, California, Shinoda conversou com o Segundo Caderno sobre o processo criativo do grupo, seu lugar na atual cena musical e do que sente mais saudades do Brasil.
Zero Hora - Fale um pouco a respeito do processo de gravação do último disco de vocês, Living Things.
Mike Shinoda - Bom, nós não gravamos como outras bandas gravam, um monte de gente reunida numa sala escrevendo ou fazendo jams. É mais cada um por si fazendo o seu material e aí nos reúnimos e mostramos o que temos uns para os outros. E tem funcionado muito bem até agora, dez anos depois de começarmos como banda pra valer. E nesse último disco acredito que conseguimos colocar muitas coisas que aprendemos nessa trajetória. Eu diria que tem muito de música americana nele, principalmente folk, mas também um resgate do fazíamos nos anos 1990 com gospel e soul.
ZH - Diferentemente de outras bandas de nu metal dos anos 2000, o Linkin Park permaneceu na ativa, vendendo muitos discos e lotandos shows ao redor do mundo. A que você atribui isso?
Shinoda - Eu penso que isso varia de banda para banda, entende? Bandas aparecem e somem de cena o tempo todo. No nosso caso, eu diria que continuamos a criar e tentar coisas novas e esperando que elas agradem aos nossos fãs - o que nem sempre conseguimos, como no caso do nosso penúltimo álbum, A Thousand Suns, onde resolvemos arriscar um pouco e não fomos tão bem recebidos como anteriormente (o disco é o menos vendido do Linkin Park, com 1,7 milhões de cópias). Algumas bandas se assustariam, mas nós consideramos o disco um grande sucesso criativo e pessoal porque aprendemos muito no processo de gravação dele, a mexer com novas tecnologias e, principalmente, do que podemos fazer em termos de música.
ZH - Mesmo assim o Linkin Park é uma banda gigantesca hoje...
Shinoda - Eu sempre vou enxergar a gente mais como uma banda alternativa, independentemente dos rótulos que nos coloquem. Até porque nós nunca mudamos nosso estilo de compôr ou cantar nossas músicas, e as influências básicas continuam lá. Quando estamos num festival de metal do porte de um Ozzyfest, por exemplo, procuramos dar o nosso máximo para agradar o público. E fazemos o mesmo quando tocamos com bandas de outros estilos em outros tipos de festivais. E para nós isso de parecer maior ou menor, de pertencer a um gênero ou a outro, realmente não importa, porque quando entramos em estúdio estamos preocupados apenas em fazer música boa que possa nos divertir e a nossos fãs.
ZH - E como será o show por aqui?
Shinoda - Sempre fazemos um mix do nosso repertório. Tocamos músicas de todos os nossos discos, mas com especial atenção ao último disco, afinal, este é o momento de botar para rodar o material de Living Things. Então acabamos por apresentar entre quatro e seis faixas do último disco, além dos clássicos e algumas versões alternativas de canções mais conhecidas. Mas evitamos um setlist fechado, gostamos de um show fluido onde possamos improvisar.
ZH - É sua terceira visita ao Brasil, então tenho uma pergunta inevitável: quais suas lembranças da sua primeira vez em terras brasileiras?
Shinoda - Tirando o fato dos fãs terem sido maravilhosos com a gente e os shows, incríveis, também me lembro de ter tomado a melhor caipirinha que já tomei em todo o mundo! Agora ela está ficando muito, muito popular aqui em Los Angeles, sabe? Mas na falta de cachaça, usamos rum, o que deixa a bebida mais próxima do mojito. Eu adoro cachaça, tem um gosto muito bom, mas infelizmente por aqui é difícil encontrar. Espero me encontrar com ela novamente por aí (risos).
Entrevista
"Nunca mudamos nosso estilo de compôr ou cantar nossas músicas"
Mike Shinoda, cérebro por trás do Linkin Park, conversou com o Segundo Caderno sobre a banda, o show em Porto Alegre e sua paixão por caipirinha
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