Depois de fazer o Pepsi On Stage literalmente tremer com Los Hermanos, em maio, Marcelo Camelo vai voltar a Porto Alegre. Mas, desta vez, acompanhado somente de seu violão, em shows neste sábado e domingo no Theatro São Pedro (os ingressos para as apresentações estão esgotados). No repertório, uma música do avô, Luis Souza. Confira a entrevista que Camelo concedeu por e-mail:
Zero Hora - Sua carreira, mesmo solo, sempre esteve ligada a bandas. Como está sendo esse projeto solitário?
Marcelo Camelo - Está sendo ótimo. Sempre fiz as minhas músicas no violão, mas de certa forma sempre pensava e levava em consideração, ainda na hora de fazê-las, o formato em que iria apresentá-las. Mesmo assim, naturalmente, pelo violão ser meu instrumento mais próximo e aquele no qual compus todas as minhas músicas, algumas surgiram com muitos acentos típicos do violão, caminhos próprios dele. Por isso, em boa parte das vezes, o trabalho de banda era um trabalho de adaptação dessa linguagem. De certa forma, tocá-las ao violão é mais natural pra mim.
ZH - Qual o repertório do show?
Camelo - Boa parte das músicas foi composta para o violão, com seus trejeitos. Algumas poucas têm uma inclinação maior para banda, mas a maioria soa muito natural quando tocada neste formato porque foi assim que elas foram feitas. Procuro tocar as que têm essa proximidade com a estética do instrumento, com este formato. De versões de outros compositores, só toco uma música do meu avô, Luis Souza, chamada Porta de Cinema.
ZH - Esse projeto voz e violão indica uma nova orientação na sua carreira? Podemos, por exemplo, esperar um próximo trabalho exclusivamente nesse formato ou muito influenciado por ele?
Camelo - Procuro não definir muito essas escolhas e deixar que minha paixão faça esse papel, sem que eu precise me esforçar. Ainda não sei como será o próximo, trabalho mas estou perto de começar a fazê-lo.
ZH - Em entrevista recente, você disse que, quando pequeno, tinha os sentimentos à flor da pele e, por isso, sentia-se muito só. Como tem sido essa experiência de estar sozinho no palco, depois de tanto tempo acompanhado por outras pessoas?
Camelo - Talvez esteja na natureza da minha composição essa interpretação solitária. Mas acho que minhas músicas também vestem bem um projeto coletivo, e não à toa estive num por mais de 15 anos. Como o show solo, fiz poucas vezes, ainda estou desvendando suas possibilidades de expressão e o que isso pode significar pra mim.
ZH - Existe a intenção de lançar esses shows em formato CD/DVD?
Camelo - Sim, temos gravado muitas coisas desde o começo do ano com esta intenção. Gostaria de fazer um filme que inclua as coisas que produzi desde o último DVD, principalmente a turnê do Toque Dela, com os Hurtmold, e esse show de voz e violão.