Parte de um projeto da Orquestra Unisinos de retomar a encenação de óperas no Estado, uma montagem gaúcha de Rita, do compositor italiano Gaetano Donizetti (1797 - 1848), será apresentada amanhã e domingo no Theatro São Pedro, na Capital. Montagem gaúcha mesmo: o enredo foi transposto para uma ambientação local, com bombacha e tudo.
Ópera cômica em um ato estreada em Paris, em 1860, 12 após a morte do compositor, Rita é hoje um trabalho pouco conhecido de Donizetti, que tem entre suas óperas mais célebres O Elixir do Amor (1832), Lucia de Lammermoor (1835) e Don Pasquale (1843). Mas o espetáculo concentra em pequeno formato suas principais qualidades, como observa o maestro Evandro Matté, diretor geral da montagem:
- Tem todos os elementos de uma grande ópera. É um momento de maturidade de Donizetti, em que aproxima o discurso musical e a ação da trama.
Representada pela soprano Carla Domingues, a protagonista é uma mulher que leva no laço seu marido Beppe (o tenor Flávio Leite). A vida do casal sofre uma reviravolta com o retorno de Gasparo (o barítono Homero Velho), ex-marido que Rita acreditava ter morrido afogado. Gasparo tampouco esperava encontrá-la em vida: buscava o certificado de óbito para poder se casar novamente. Enquanto isso, cansado de ser maltratado pela mulher, Beppe julga que é uma boa oportunidade para escapar. Assim, os dois homens travam um duelo para decidir quem não ficará com Rita. Será uma disputa pra lá de bagual. Nesta versão, tudo remeterá ao Rio Grande do Sul, dos figurinos às expressões regionais utilizadas nas partes faladas em português (os trechos, cantados em italiano, serão legendados).
- Não há muita teoria por trás da ideia de ambientar uma ópera italiana no Estado. É uma proposta anedótica - explica o diretor de cena Luiz Paulo Vasconcellos.
Nova parceria entre o diretor e o maestro, Rita é um passo adiante de Bastien und Bastienne, apresentada no ano passado, que guardava a singeleza de uma obra escrita por Mozart aos 13 anos. Em comum, está a ideia de uma produção compacta no número de integrantes do elenco e de músicos da orquestra (o que ajuda a contornar o alto custo de produção de óperas) e o enredo cômico, aproximando públicos de todas as idades.
- Sempre tivemos uma tradição de ópera no Estado. Nossa intenção é montar ao menos uma por ano - diz Matté, adiantando que a escolha para o ano que vem deverá ser entre Il Campanello di Notte, também de Donizetti, e Il Signor Bruschino, de Rossini, que seguem a proposta de óperas bem-humoradas em um ato.
O ELENCO
A protagonista de Rita será representada pela soprano Carla Domingues. Nascida em Canguçu (RS) e radicada em Florianópolis, participou de montagens de O Elixir do Amor, também de Donizetti, em 2008, e Rigoletto, de Verdi, em 2006. Ela contracenará
com o tenor gaúcho Flávio Leite, que em 2010 esteve em Bastien und Bastienne, primeira produção do projeto operístico da Orquestra Unisinos, e já atuou em O Barbeiro de Sevilha, de Rossini, e A Flauta Mágica, de Mozart. Completa o elenco o barítono paulista Homero Velho, que também participou de montagem de ópera de Donizetti: Don Pasquale, em 2007, na Colômbia. Entre seus outros trabalhos estão Carmen, de Bizet, e obras de autores brasileiros.
RITA
Sábado, às 21h, e domingo, às 18h. Duração: 70 minutos. Classificação: livre
Ópera com música de Gaetano Donizetti, direção geral de Evandro Matté e direção cênica de Luiz Paulo Vasconcellos.
Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), em Porto Alegre, fone (51) 3227-5100.
Ingressos: R$ 10 (galerias), R$ 20 (camarote lateral), R$ 30 (camarote central e cadeira extra) e R$ 50 (plateia). Desconto de 30% para titular do Clube do Assinante ZH.
Notícia
Orquestra unisinos apresenta versão gaúcha de ópera de Donizetti
Montagem da ópera cômica italiana Rita será apresentada sábado e domingo no Theatro São Pedro
Fábio Prikladnicki
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: