Imagine um desses políticos altissonantes que falam em nome da família, da tradição e dos bons costumes, desses que parecem ter vindo de algum lugar do passado. Agora imagine que se trata de um personagem, de fato, criado há 38 anos. É este o antagonista que move o enredo da peça A Gaiola das Loucas, que chega a Porto Alegre para curta temporada, de quinta (14) a domingo (17), no Teatro do Bourbon Country.
Dirigida e estrelada por Miguel Falabella, é uma montagem da comédia do dramaturgo francês Jean Poiret (1926 - 1992), texto que teve mais de 2 mil apresentações em sua primeira versão, em Paris, estreada em 1973.
O êxito foi tanto que, cinco anos depois, a história deu origem a um filme homônimo, uma produção franco-italiana dirigida por Édouard Molinaro, que ainda rendeu duas sequências: uma delas também de Molinaro, em 1980, e uma terceira de Georges Lautner, em 1985 - sempre com a dupla de atores Ugo Tognazzi e Michel Serrault, este, por sinal, um parceiro artístico de Poiret de longa data.
Redescoberto a cada década, o texto rendeu uma versão cinematográfica norte-americana de mesmo nome, dirigida por Mike Nichols em 1996, com Robin Williams e Gene Hackman. O fascínio dos Estados Unidos com A Gaiola das Loucas remonta ao célebre musical da Broadway, estreado em 1983.
Falabella dirigiu uma bem-sucedida versão brasileira do musical no ano passado, atuando ao lado de Diogo Vilela. O espetáculo que chega a Porto Alegre, no entanto, é outra produção: trata-se da peça teatral de Poiret. O papel de Vilela na versão musical caberá aqui a Sandro Christopher.
O enredo trata da relação de Georges (Falabella), dono de um cabaré em Saint Tropez, e Zazá (Christopher), famosa transformista que se apresenta no local e que, fora dos palcos, atende pelo nome Albin. O casal tem uma relação de 20 anos e conta com um filho de 24 anos, Lourenço (Davi Guilhermme), fruto de uma relação antiga de Georges com uma jovem corista.
A história se complica porque Lourenço está decidido a se casar com Anne (Carla Martelli), filha de Édouard Dieulafoi (Carlos Leça), presidente do Partido da Família, Tradição e Moralidade, que tem, entre suas plataformas políticas, a promessa de expulsar os homossexuais da Riviera. Há uma relação não intencional com a atualidade. Mas, na peça, a piada realmente tem graça.
>> Confira entrevista com Miguel Falabella na edição impressa do Segundo Caderno desta quinta-feira (14)
Serviço:
Notícia
"A Gaiola das Loucas" estreia em curta temporada na Capital
Peça entra em cartaz no Teatro do Bourbon Country
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: