No segundo semestre do ano passado, o grupo Oigalê realizou uma jornada aos rincões de treze cidades gaúchas nas regiões de fronteira com Argentina e Uruguai, ouvindo histórias e conhecendo personagens. Retornaram à Capital com 16 mil fotos, 80 horas de vídeo e mais 80 livros na bagagem.
Agora é o momento transformar os números em material cênico. Uma oficina de teatro de rua com inscrições gratuitas a partir de hoje (não é necessária experiência prévia) vai marcar os primeiros exercícios que resultarão em um espetáculo com previsão de estreia para o ano que vem.
O título do projeto que eles desenvolvem, com patrocínio da Petrobras por dois anos, desde junho de 2010, é Em Busca de Um Teatro de Rua Pampiano. O difícil será escolher apenas algumas de tantas narrativas recolhidas. Para estimular a troca, o Oigalê também ofereceu uma história: apresentou em todas as cidades o espetáculo de teatro de rua O Negrinho do Pastoreio.
- Temos a ideia de que essa cultura está diminuindo, mas não é assim. Está se modernizando. Encontramos peões andando de moto, por exemplo - conta Paulo Brasil, um dos integrantes do grupo.
A visão de mulheres cavalgando e ocupando cargos políticos importantes deixou Vera Parenza, uma das fundadoras do grupo, otimista sobre o crescente papel feminino nas regiões:
- Vimos muitas mulheres fazendo coisas que não eram permitidas a nós antigamente.
Percorrendo a fronteira em uma van com um reboque (para o material do espetáculo apresentado), o grupo ouviu diretamente da boca das pessoas histórias a que a maioria só tem acesso por meio das versões registradas em livros. E também encontrou o folclore vivo.
- Para nós, não importa se aconteceu de verdade ou se foi inventado. Essa distinção é para os historiadores. Estávamos atrás de material teatral. Encontramos pessoas que parecem personagens, e suas casas, cenários - acrescenta Vera.
Oficina de Teatro de Rua
Aberta a todos os interessados, com ou sem experiência prévia no teatro, a atividade será entre os meses de abril e junho, às segundas, quartas e sextas, das 18h às 22h, na sede do grupo, no Condomínio Cênico do Hospital Psiquiátrico São Pedro (Avenida Bento Gonçalves, 2.460), em Porto Alegre.
As inscrições, gratuitas, estão abertas até 1º de abril. Informações pelo fone (51) 3228-7275 ou no site www.oigale.com.br.
Notícia
Grupo Oigalê recolhe narrativas de fronteira que serão recriadas em oficina
Grupo apresenteou, durante as viagens, a pela "O Negrinho do Pastoreio"
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