A empresa Dr. Seuss Enterprises suspendeu a publicação e a venda de seis livros da tradicional coleção Dr. Seuss, com a qual milhões de crianças americanas aprenderam a ler. A circulação das obras do criador de clássicos como O Gato de Chapéu e Como o Grinch Roubou o Natal foi banida por conter desenhos considerados de cunho racista.
Os livros suspensos "retratam as pessoas de uma maneira errada e dolorosa", declarou a empresa, em um comunicado publicado em seu site nesta terça-feira (2). A suspensão ocorre justamente no dia em que se celebraria o aniversário do escritor Theodor Geisel (1904-1991), mais conhecido como Dr. Seuss.
A empresa explicou que um grupo de especialistas, incluindo educadores, revisou todo o seu catálogo e censurou as seis obras. O objetivo seria "apoiar todas as crianças e famílias com mensagens de esperança, inspiração, inclusão e amizade".
Em um dos livros, dois homens originários da África aparecem com o peito nu e sem sapatos, enquanto carregam um animal exótico. Em outro, os olhos de um personagem descrito como chinês são pintados com duas linhas pretas. O homem veste sapatos tradicionais japoneses e aparece com um bolinho de arroz e palitos.
A decisão, que segundo a empresa foi adotada ainda no ano passado, levanta o debate nos Estados Unidos acerca da publicação e do consumo de livros que empregam termos racistas ou têm desenhos considerados racistas. A discussão também diz respeito a continuidade da utilização de obras com essas características nas escolas.
Os livros do Dr. Seuss foram traduzidos para dezenas de idiomas e são lidos em mais de cem países. Nos Estados Unidos, livros como O Gato de Chapéu, com o famoso gato de chapéu com listras vermelhas e brancas, e Ovos Verdes e Presunto são considerados objetos de adoração (nenhum deles foi suspenso).
No país, anualmente, por volta da data do aniversário de Geisel, as escolas organizam um evento literário no qual muitas crianças se disfarçam de seus personagens. Nos últimos anos, no entanto, a Associação Nacional da Educação, que promove o evento, incentivou uma leitura mais diversa, afastando-se dos livros de Dr. Seuss.
Outras obras infantis que foram acusadas de racismo por ONGs dos Estados Unidos são os livros do elefante Babar, do macaco Jorge O Curioso, as novelas de Little House on the Prairie, de Laura Ingalls Wilder, e os quadrinhos de Tintin.