No intervalo de apenas uma semana, o número de internações de pacientes com coronavírus nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) da Capital cresceu 56,6%. Na última quinta-feira (25), havia 408 pacientes graves com covid-19 em Porto Alegre. Nesta quinta (4), são 639, maior número da pandemia. A taxa de ocupação geral das UTIs, que leva em consideração outras doenças além da covid-19, também nunca esteve tão alta, alcançando a marca de 104,12% nesta quinta-feira. No primeiro dia de março, a taxa era de 99%.
O número de leitos de UTI vem aumentando a cada dia, mas não consegue superar o crescimento da demanda por atendimento. De acordo com os dados do painel de monitoramento mantido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), consultado por volta das 15h, a cidade contava com 979 leitos operacionais de UTI, 55 a mais do que na quarta-feira (3). O número de pacientes, porém, chega a 1.011, já que as instituições de saúde têm direcionado equipes e criado novos espaços para tratar quem necessita de cuidados intensivos.
Cresceu também o número de enfermos aguardando nas emergências por vaga em leitos de alta complexidade. São 151 pacientes com diagnóstico confirmado para o coronavírus na fila de espera, número que era de 134 na quarta-feira.
Entre os 18 hospitais monitorados pelo órgão municipal, cinco operam com 100% da sua capacidade e outros cinco já superaram esse patamar e registram superlotação. Os casos mais críticos são os do Hospital Moinhos de Vento, que opera com 130% da sua capacidade, e do Hospital São Lucas, que alcançou a marca de 129,11%.
— Para aumentar a capacidade de atendimento, o São Lucas tem se preparado com ampliação de leitos, contratação de pessoas, remanejo de colaboradores, aquisição de equipamentos. Mas é importante salientar que há um limite, ao qual estamos chegando. Como praticamente todos os hospitais ampliaram as suas equipes, quase não há mais profissionais disponíveis para contratação. Nós não conseguiremos ampliar ainda mais nossos atendimentos com relação ao que estamos fazendo hoje. É importante que as medidas tomadas, como a bandeira preta, surtam efeito o mais breve possível para evitar que pessoas fiquem fora dos hospitais, sem serem atendidas — afirma Saulo Bornhorst, diretor técnico do Hospital São Lucas da PUCRS.