As filas estão menores na manhã desta quinta-feira (25) em frente aos três prontos-atendimentos (PAs) de Porto Alegre — Bom Jesus, Lomba do Pinheiro e Cruzeiro do Sul — e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar, na Zona Norte. No entanto, a menor procura não significa que a superlotação para quem está com quadro grave de covid-19 tenha caído nestes locais.
Na unidade da Bom Jesus, por exemplo, a lotação é de 400% — a maior entre PAs e UPA na Capital. Nesta manhã, eram 28 pacientes em um espaço projetado para sete.
Por volta das 8h, um caminhão descarregava 2 mil metros cúbicos de oxigênio hospitalar gasoso em frente à unidade, o que faz parte da rotina do PA. Em meio à fumaça deixada pelo procedimento, o motorista de aplicativo Milton Teixeira Dutra, 34 anos, aguardava por atendimento sentado em uma cadeira de praia. Ele está com a covid-19 e diz ter visto, nos últimos dias, se agravar a dificuldade para respirar. Pouco mais de 40 minutos depois, ele foi atendido.
— Trouxe a cadeira porque semana passada demorou demais. Hoje foi tranquilo. Vou ter que fazer raio X do pulmão e outros exames. Estou há oito dias com sintomas, passei muito mal — relatou, à distância, para a reportagem.
Além de Milton, somente outras quatro pessoas esperavam atendimento, cena que contrasta com as longas filas observadas nos últimos dias.
No PA da Lomba do Pinheiro, às 10h, situação semelhante. Funcionários falaram que "hoje está tranquilo do lado de fora", apesar de, dentro, a unidade ter 20 pacientes em espaço para nove — superlotação de 222%.
No PA da Cruzeiro do Sul, a superlotação era de 222% (21 pacientes em espaço para 12). Já na UPA Moacyr Scliar, o número era de 223% (38 em espaço para 17).
Coordenador de urgência da Secretaria Municipal da Saúde, Diego Fraga avalia que a redução da procura reflete o entendimento, por parte da população, da orientação para que os prontos-atendimentos sejam procurados somente em casos mais graves. Os leves devem ser atendidos em Unidades Básicas de Saúde.
— Acredito que seja reflexo das orientações da secretaria e da imprensa, de que a situação está grave e os PAs são para casos de média complexidade — observou.
GZH também esteve na unidade de saúde São Carlos, na Avenida Bento Gonçalves com a Antônio de Carvalho. Vinte pessoas aguardavam por atendimento com suspeita de covid. Entre eles, uma mãe de 46 anos e o filho, de 19. Os dois estão com sintomas da doença.
No Centro de Saúde do IAPI, mais de 30 pessoas esperavam por um teste às 11h. Uma idosa de 69 anos contou que deve esperar por duas horas até ser atendida. A fila não tinha o distanciamento adequado em frente à unidade, e algumas pessoas esperavam em uma praça próxima.
Já na unidade Vila Jardim, na Bom Jesus, poucas pessoas aguardavam. Uma mulher que trouxe o pai — já com a confirmação da doença — relatou espera de uma hora.