A Universidade Federal do Pampa (Unipampa) realizou estudo para projetar internações e número de mortes provocados pela covid-19 em municípios da Metade Sul do Rio Grande do Sul. Foram analisados prováveis, melhores e piores cenários das 10 cidades em que a instituição possui campi — Alegrete, Bagé, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Itaqui, Jaguarão, Livramento, São Borja, São Gabriel e Uruguaiana. O trabalho foi desenvolvido pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas do Campus São Borja, Thiago Sampaio. Nos piores cenários, o número de óbitos sem intervenções do poder público, como a implantação do distanciamento social, poderia chegar a 447. No caso de picos de novas internações por semana, o estudo aponta para até 248.
— Partimos do pressuposto que a onda epidêmica durará em torno de 12 semanas, definimos a proporção de pessoas que irão ser infectadas. Diferentemente do que é sugerido por alguns, nem todos serão infectados nesse primeiro ciclo. A nossa projeção varia de 15% a 25% da população sendo acometida pela covid-19 desde o seu estabelecimento no município até o efetivo controle — afirma o pesquisador.
Mortes:
Cenário provável
A projeção é de 273 mortos por coronavírus: Alegrete (33), Bagé (49), Caçapava do Sul (16), Dom Pedrito (17), Itaqui (14), Jaguarão (13), Livramento (36), São Borja (27), São Gabriel (26) e Uruguaiana (42).
Melhor cenário
A projeção é de 169 mortos por coronavírus: Alegrete (21), Bagé (31), Caçapava do Sul (10), Dom Pedrito (11), Itaqui (8), Jaguarão (8), Livramento (24), São Borja (16), São Gabriel (16) e Uruguaiana (24).
Pior cenário
A projeção é de 447 mortes pelo coronavírus: Alegrete (54), Bagé (80), Caçapava do Sul (25), Dom Pedrito (27), Itaqui (24), Jaguarão (20), Livramento (58), São Borja (43), São Gabriel (42) e Uruguaiana (74).
Internações:
Cenário provável
Picos de novas internações por semana (com a ausência de intervenções) — 186
Alegrete (21), Bagé (32), Caçapava do Sul (10), Dom Pedrito (11), Itaqui (11), Jaguarão (8), Livramento (23), São Borja (20), São Gabriel (16) e Uruguaiana (34).
Melhor cenário
Picos de novas internações por semana (com a ausência de intervenções) — 75
Alegrete (9), Bagé (13), Caçapava do Sul (4), Dom Pedrito (4), Itaqui (4), Jaguarão (3), Livramento (10), São Borja (8), São Gabriel (7) e Uruguaiana (13).
Pior cenário
Picos de novas internações por semana (com a ausência de intervenções) — 248
Alegrete (28), Bagé (42), Caçapava do Sul (13), Dom Pedrito (14), Itaqui (15), Jaguarão (10), Livramento (30), São Borja (27), São Gabriel (22) e Uruguaiana (47).
Metodologia
Sampaio explica que as variáveis contemplam o crescimento diário da disseminação do vírus; porte do município (sua população e densidade demográfica considerando tanto a área urbana quanto a rural); média de dias de hospitalização de cada paciente; proporção de pacientes que necessitarão de internação em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI); probabilidade de dias na UTI; quantidade de pacientes com a necessidade de utilizar respiradores; a utilização de ventiladores por paciente (em dias) e a quantidade média de óbitos após cada internação. Em alguns casos, consideram-se os municípios do entorno, pois algumas cidades funcionam como referência para outras menores.
Distanciamento social
De acordo com a pesquisa, o sistema público de saúde não terá como suportar a demanda caso as medidas de prevenção não sejam tomadas.
— As medidas adotadas visam a reduzir o número de casos para que não haja o colapso. Na ausência dessas medidas, podemos assistir, no Brasil, às cenas que acontecem, por exemplo, no Equador — exemplifica o pesquisador.
Sampaio também afirma que a preocupação com a proximidade do inverno é maior no Rio Grande do Sul. Existe a possibilidade de enfrentamento da pandemia com temperaturas desfavoráveis e a ausência de suprimentos básicos, atualmente, demandados por grandes centros.