O aumento da cotação da moeda norte-americana nos últimos dias tem causado impactos em diferentes setores da economia. Nesta quarta-feira (17), o dólar comercial fechou em R$ 5,24 e o dólar turismo (usado, por exemplo, em compras no exterior) R$ 5,45. Para algumas famílias e turistas, são os planos de férias de julho ou viagens agendadas que podem ser comprometidos por conta da valorização.
Além do impacto nos gastos a serem feitos nos destinos, a oscilação do câmbio afeta o planejamento de viagens, principalmente para aqueles que planejam visitar destinos internacionais. O impacto é ainda maior em curto prazo, conforme agências de turismo. Há maneiras, porém, de amenizar a situação e garantir melhores condições para realizar passeios com a família ou compromissos.
Por ser uma moeda amplamente aceita, o dólar americano é o principal indexador da cotação de viagens internacionais – por vezes, até para a Europa. A moeda é convertida em real no dia de efetivação de uma compra. Com uma cotação maior, há um aumento generalizado no valor de viagens, segundo Victor Hugo de Almeida, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do RS (ABAV-RS) e diretor da agência Victor Travel, de Porto Alegre. Apesar disso, Almeida avalia que a alta não foi tão abrupta como em outros momentos.
— Sem dúvida, o aumento do dólar impacta para nós brasileiros, porque nós temos de transformar esse valor em reais. Então, aumentando a moeda, a viagem fica um pouquinho mais cara, porque pode ser que esteja com o mesmo valor em dólar, mas, para o brasileiro, vai ficar mais caro — explica.
Por outro lado, há pessoas que não levam o aumento em consideração, em função do período em que podem viajar, por ser férias escolares, por exemplo, ou uma viagem corporativa, lembra Pablo Macchi, diretor da Macchi Turismo.
Alta temporada
Mês de férias escolares e clima favorável, julho é considerado um período de alta temporada no setor de viagens, devido ao aumento da demanda, conforme as agências – ainda que, atualmente, ela seja grande durante o ano inteiro, conforme Macchi. Assim, os valores, que já são normalmente mais altos nessa época, podem ter um aumento considerável com a alta do dólar. Para quem planeja uma viagem internacional, os gastos com hospedagem, alimentação, transporte e passeios acabam sendo diretamente afetados, alerta Iolanda Klac, sócia da Dial Tour Agência de Viagens.
Muitas viagens em julho, principalmente para o Exterior, já foram emitidas, conforme Almeida. A orientação das agências costuma ser a de emitir com antecedência – a maior aliada na busca por melhores valores, devido à maior disponibilidade em voos, rede hoteleira, atrações turísticas e outros. As tarifas aéreas, por exemplo, enfrentam alta volatilidade de preços, em função da demanda. Assim, conforme os voos vão ficando lotados, as tarifas aumentam.
— Aquele cliente que decide viajar agora, em julho, sem dúvida vai encontrar preços um pouquinho mais altos, não só pelo aumento do dólar, mas por uma disponibilidade já menor — ressalta Almeida, citando como exemplos as viagens para os Estados Unidos e para a Europa no auge do verão do Hemisfério Norte, quando há maior procura.
Além disso, muitas vezes, o viajante já sabe o custo ou quanto pretende gastar na viagem, salienta Macchi. Assim, pode-se garantir o câmbio, inclusive em espécie. Quem contratar agora uma viagem para julho, por exemplo, pagará com base no câmbio atual, que vem enfrentando aumento; entretanto, se deixar para a próxima semana, não há como saber como estará.
Contornando o aumento
A situação pode exigir um planejamento financeiro mais criterioso, reforça Iolanda. Existem alternativas para contornar o aumento, como optar por destinos mais acessíveis; explorar a diversidade local; aproveitar promoções e descontos; e tentar reservar com a máxima antecedência possível, mesmo para quem ainda planeja viajar em julho. Ainda é possível conseguir bons valores em hotéis, segundo Macchi.
— Com determinação e competência, podemos transformar cada viagem numa jornada única, independentemente das flutuações cambiais — destaca Iolanda.
Dicas para amenizar para o bolso, conforme os agentes:
- Avalie destinos próximos, com praias deslumbrantes, cidades históricas e diversidade cultural, sem se preocupar com a variação cambial. Praias do Nordeste, cidades de Minas Gerais, destinos de ecoturismo na Amazônia, Jalapão – destinos de natureza têm tido maior procura após a pandemia
- Visite destinos internacionais onde a moeda local não esteja tão sujeita a flutuações cambiais. Por exemplo: Chile, Uruguai, países do Sudeste Asiático, como Tailândia, Vietnã e Indonésia
- Conheça países com preços mais acessíveis, como Portugal, Colômbia, Polônia e Hungria
- Ao invés de focar nas capitais ou destinos turísticos famosos, considere explorar cidades secundárias ou menos visitadas, que, muitas vezes, oferecem preços mais baixos em hospedagem, alimentação e atividades, além de uma experiência autêntica
- Garanta passagens e hospedagens com antecedência para aproveitar tarifas mais acessíveis
- Esteja atento a promoções e descontos para economizar
- Ter flexibilidade de data e destino: algumas vezes, mudar um pouco os planos pode resultar em economia significativa
— Mesmo com o dólar em alta, você pode explorar o mundo e ter suas merecidas férias. Com planejamento inteligente e algumas escolhas estratégicas, é possível sim aproveitar ao máximo suas viagens em julho — aponta Iolanda.
O momento atual também é adequado para montar viagens e conseguir disponibilidade razoável para setembro e outubro, conforme as agências. Também já é possível planejar passeios para o final do ano ou para 2025, buscando obter a menor tarifa. É improvável, porém, conseguir montar uma viagem com preços reais com mais de um ano de antecedência, segundo Almeida, devido à volatilidade. Cerca de 11 meses antes do embarque, já se pode conseguir valores melhores.
Entre as possibilidades, ainda, estão a busca por assessoria das agências de viagem para assegurar negociação de valores e condições de pagamento. Também é fundamental analisar opções e alternativas aos planos originais de viagem. Vale, ainda, usar serviços online para consultar passeios, bilhetes de atrações e ingressos antecipados.
