Há dois anos, quando visitei Trancoso, a praia estava despontando como point preferido pelas celebridades e pelo jet setter do centro do país. As melhores festas, o alto glamour e os jatos particulares estavam todos lá.
Na época, em turnê pelo Brasil, Beyoncé, por exemplo, havia escolhido a beira-mar baiana como seu QG oficial e, entre um show e outro pelo país, voltava voando – literalmente – para se estabelecer com a família nas areias brancas da terra de Elba Ramalho. Retornei para o Sul encantada com a mistura de água cristalina, vegetação verde e clima Saint Tropez. Bradava aos quatro cantos: "Trancoso é meu lugar preferido no Brasil!".
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De lá para cá, a crescente foi em ritmo fastpass – tipo ticket da Disney que faz a gente pular a fila. E, sentindo dificuldade para virar o ano por lá – com os mesmos valores de quatro diárias em um hotel bacana do point brasileiro era possível ir para os Estados Unidos e ainda guardar algum dinheiro –, voltei no veraneio para matar a saudade do paraíso.
Deparei com uma realidade um pouco diferente da que me provocou paixão à primeira vista. Caipirinhas a R$ 25 na beira da praia e água de coco a R$ 10 são boas referências do que quero dizer. A sensação era de estar em terras estrangeiras. Um guia turístico me contou que todas as casas coloridas do famoso Quadrado – espécie de "centrinho", com bons restaurantes e lojas – pertencem a "gringos" atualmente.
Aliás, no hotel em que me estabeleci, apenas três dos 15 quartos estavam ocupados por famílias brasileiras. Os frequentes diálogos em inglês que pescava ao longo das caminhadas me faziam até esquecer que estava em terra brasilis. Fiquei pensando aqui: acho que a turma de Portugal resgatou a praia e decidiu que seria domínio europeu novamente.
Brincadeiras à parte, o legal é que os nativos estão se virando para falar inglês. Do atendente de barraquinha ao vendedor ambulante, todos buscam se internacionalizar para melhor atender o novo público da região. Nas minhas andanças Brasil afora, nunca tinha visto tal fenômeno, nem mesmo no Rio, onde os turistas internacionais desembarcam de bando diariamente. Trancoso passou a atrair em cheio os europeus, como talvez nenhum outro lugar antes conseguiu. Mas a personalidade ainda é nossa: a água segue limpa e quente, a areia, fofa, e o verde, estonteante.
E a comida bem brasileira. Aliás, restaurantes bons são o que não falta. Anota aí: Cacau, Capim Santo e Jacaré.
Mas, hein, posso largar a deixa? Já ouviu falar em Caraíva? Só não espalha.