A Suíça me encanta desde a época de estudante, quando tive a oportunidade de viver em Lausanne, na parte francesa do país. Desta vez, o destino foi Lucerna - com direito ao cenário tipicamente suíço do nosso imaginário, de montanhas, lagos, vilarejos alpinos e resorts de esqui.
Trata-se do local onde, historicamente, a Suíça começou como uma nação, 700 anos atrás. As comunidades ao redor do Lago dos Quatro Cantões protegiam os acessos à Saint Gotthard, uma das principais rotas entre a Europa Central e o norte da Itália. Quando os monarcas da dinastia Habsburgo tentaram limitar os seus privilégios, esses povoados uniram-se em uma aliança em Rütli, na margem sul do lago, em 1291, o que provou ser a origem da emergente Confederação Suíça. Lucerna, como o principal mercado para as cidades às margens do lago, ingressou na Confederação quatro décadas mais tarde.
O centro da cidade fica na margem norte do Rio Reuss, onde localiza-se a estação de trem e o cais. O pitoresco centro antigo tem prédios do século 15 com fachadas pintadas e as Torres da Muralha da Cidade. Algumas delas podem ser escaladas, para uma fabulosa vista.
Também evidência da prosperidade medieval de Lucerna, além das casas do antigo centro, são as pontes de madeira que cruzam o Rio Reuss enquanto ele segue para o lago. A maior delas é Kapellbrücke, uma estrutura de madeira com painéis pintados sob o teto, muito semelhante à Spreuerbrück, mais a oeste. A ponte original (de 1333) se incendiou em 1993, mas a presente é uma cópia muito fiel à original.
A margem norte do rio abriga um compacto quarteirão de casas medievais e praças com fontes como Mühlenplatz, Weinmarkt, Hirschenplatz e Kornmarkt. Na cidade, há o Monumento do Leão, esculpido em 1820 na rocha natural, dedicado aos soldados suíços que faziam a guarda pessoal de Luís 16 e morreram na Revolução Francesa.
Casas do charmoso centro histórico. Foto: Beto Conte, arquivo pessoal
Aconselho conferir o Museu do Transporte, que mostra o desenvolvimento de estradas e trilhos, bem como da mobilidade na água, no ar e no espaço. Uma de suas atrações é a "experiência do chocolate", que apresenta a trajetória do renomado produto suíço desde a colheita do cacau nos trópicos até sua produção local. Na entrada do museu, há uma loja da Lindt para se abastecer de suas gostosuras.
Dez dicas para curtir o verão suíço
Trem é opção para conhecer lugares da Suíça que serviram de locação para "Império"
Suíça, uma beleza de tirar o fôlego
Casal percorre 4,5 mil quilômetros de bicicleta pela Europa
Outro a destacar é o museu Sammlung Rosengart, acervo de uma família que era amiga pessoal de Pablo Picasso que conta com obras do pintor espanhol, além de Paul Klee, Claude Monet, Paul Cézanne, Henri Matisse, Joan Miró, Marc Chagall e Wassily Kandinsky, entre outros.
Um passeio cênico
Há um variado número de cruzeiros cênicos no Lago dos Quatro Cantões. Sugiro fazer pelo menos um para ter a vista da cidade e das montanhas a partir da água. Outro passeio imperdível é a subida até o topo dos 2.128 metros do Monte Pilatus, que pode ser avistado de qualquer ponto da cidade. A vista lá do alto é impressionante, com a cidade e o lago de um lado e paisagens alpinas ao redor.
As pontes de madeira são atrações da cidade. Foto: Beto Conte, arquivo pessoal
Recomendo comprar um passe na estação, que inclui o trem margeando o lago até o povoado de Alpnachstad, o trem alpino até o cume e a descida de teleférico até Kriens, retornando de ônibus ao centro de Lucerna. Minha sugestão é almoçar no restaurante do hotel Des Alpes, às margens do rio, com vista para as renomadas pontes de madeira. Outras boas opções são o Stadtkeller Brauerei e a Fondue House.
Uma extravagância que vale cada franco suíço gasto é se hospedar no Palace Luzern, junto a um parque às margens do lago e com vista para o Monte Pilatus.
*Diretor do STB Trip & Travel, Beto é um dos blogueiros do clicRBS (www.wp.clicrbs.com.br/betonomundo)