O meu professor rabino Daniel Goldman me ensinou certa vez que se tu queres verdadeiramente conhecer uma comunidade judaica deves começar pelo cemitério. Ali terás uma visão da história da comunidade.
No ano de 2006 viajei pela Alemanha a convite do Instituto Goethe de Porto Alegre. Em alguns pontos do meu roteiro, não perdi a oportunidade de visitar cemitérios judaicos.
Na cidade de Worms, próximo a Frankfurt, existe o que é reconhecido como o cemitério judaico mais antigo de Europa. Foi possivelmente instalado ao mesmo tempo em que a primeira sinagoga foi construída, em 1034. A sepultura mais antiga ainda preservada, de Jakob ha Bachur, é de 1076. Existem ao todo no cemitério cerca de 2 mil sepulturas. Os últimos sepultamentos registrados datam da década de 1930.
Conforme me explicaram, durante a II Guerra Mundial, os nazistas não destruíram este cemitério com o objetivo de deixar o mesmo como museu, para contar às gerações futuras que alguma vez existiu na Alemanha a comunidade judaica. O cemitério fica hoje a metros do centro da cidade.
Em Berlim, o cemitério judaico não teve a mesma sorte. Na Grosse Hamburger Strasse, número 26, hoje encontramos ao lado do colégio judaico um bonito e pequeno parque. Esse local havia sido consagrado como cemitério no ano 1672 e foi utilizado para sepultamentos até 1827. Aproximadamente 12 mil judeus foram enterrados ali. Mas, em 1943, ele foi destruído por tropas nazistas por ordem da Gestapo.
Em Berlim, os nazistas, além de perseguir e matar os judeus, também se encarregaram de não deixar qualquer registro daqueles já sepultados. Hoje neste local se ergue um monumento na bendita memória de Moisés Mendelssohn - pai do Iluminismo judaico. Na cosmopolita Berlim, esse local hoje é sinônimo de paz e lazer para os frequentadores.
Por último, um local que chama a atenção em Berlim, a metros do Portão de Brandemburgo, é o Memorial dos Judeus assassinados na Europa, construído pelo governo alemão e inaugurado em 2005. Parece um grande cemitério, mas é um local para refletir e evocar a memória. No subsolo, pode-se visitar um museu.
*Guershon, 42 anos, é rabino da Sociedade Israelita de Cultura e Beneficiência (Sibra)
Pela Europa
Leitor conta história dos cemitérios judeus na Alemanha
Guershon Kwasniewski considera que, para ter uma visão da história da comunidade judaica, é preciso conhecer os cemitérios
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