Experimentar o mundo pela visão dos animais. Essa é a proposta dos parques temáticos administrados pelo SeaWorld Parks & Entertainment, na Flórida. Projetadas por uma equipe multidisciplinar - que vai de zootecnistas a designers-, as atrações começam a nascer a partir das características específicas observadas em cada espécie e podem levar até dois anos e meio para ficar prontas.
O resultado se traduz em um emaranhado de emoções também bastante singulares. Para os fãs de aventuras, a excitação vem das montanhas-russas que reproduzem os movimentos de guepardos, falcões e arraias. Para quem prefere velocidades menores, há a opção do contato com os golfinhos, o mergulho com arraias e peixes e os imensos aquários com as mais variadas espécies.
Prepare-se para ser guiado pela natureza.
No mundo selvagem
Foto: Gisele Loeblein/ Agência RBS
Feche os olhos e imagine que é um guepardo prestes a iniciar uma veloz caçada à presa. Abra os olhos. Você está no parque temático Busch Gardens, em Tampa, na Flórida, preso à cadeira de uma montanha-russa e terá exatamente essa sensação durante o percurso de 1,2 quilômetro e 1,5 minuto de duração da Cheetah Hunt (Caça do Guepardo, em inglês). O brinquedo, inaugurado no último ano, tem como proposta fazer com que a gente se sinta no meio da floresta selvagem, seguindo os passos do animal terrestre mais veloz do planeta.
Ao contrário de muitas montanhas-russas, essa atração não tem looping: a pegada aqui é justamente a velocidade - atinge 100 quilômetros por hora - e a simulação do movimento do guepardo. Os gritos que se ouvem do lado de fora não deixam dúvidas: a adrenalina faz parte dessa caçada. Para quem tem pouca ou nenhuma familiaridade com esse tipo de atração, as curvas do esqueleto de aço que determinam o compasso do percurso, vistas de fora, preocupam.
A altura mínima necessária para dar uma volta tranquiliza: são necessários apenas 1,21 metro para se ter a permissão de embarcar nessa viagem. Se crianças podem andar, o risco não há de ser grande. Então, é preciso deixar a perna bamba de lado, controlar o tum-tum-tum do coração e dar início à aventura.
Depois de uma saída aparentemente tranquila, é a vez da primeira das três grandes arrancadas, proporcionadas por placas de ímãs que fazem uma espécie de "arremesso". Os corcoveios para a direita e para a esquerda ajudam o passageiro a se sentir na pele do guepardo, porque conferem à montanha-russa o movimento das patas do animal.
Ao final do percurso, os sorrisos escancarados comprovam que a diversão é garantida, mesmo para quem - como eu - desconfiou que isso pudesse não acontecer. Dentro do mesmo parque, outras voltas de tirar o fôlego podem ser dadas na carona de animais.
No SeaWorld Orlando, em Orlando, embarque é na carona de um outro animal: a arraia. O percurso é feito de barriga para baixo, tal qual o animal, o que confere uma pressão extra ao corpo e transforma a Manta (arraia, em inglês) em mais um desafio pessoal a ser vencido. Ironicamente, a tensão desaparece à medida que o caminho avança. A velocidade chega aos 90 quilômetros por hora, e o brinquedo alterna uma subida de 43 metros e uma queda de 35 metros, com a chance de dar uma molhada nos pés ao passar sobre uma lagoa.
Depois de dar uma olhada para baixo e me impressionar com a íngreme subida, sigo o percurso de olhos fechados. Melhor assim. Mas não é que o movimento do brinquedo - que dura cerca de 40 segundos no total - é gostoso? Mais uma vez, a sensação que se tem é de que somos, efetivamente, uma arraia.
Dose extra
Os parques reservam outras atrações para os amantes das montanhas-russas:
Foto: SeaWorld Parks & Entertainment/ Divulgação
- Sheikra: a montanha-russa que imita o voo de um falcão reserva surpresas como uma subida de 60 metros seguida de uma queda em 90 graus e outra queda de 42 metros alcançando uma velocidade de 113 km/h. A altura mínima exigida para que você possa andar neste brinquedo, que fica no Busch Gardens, é 1,37 metro.
- Montu: também no Busch Gardens, é inspirada no Egito antigo. A montanha-russa invertida alcança 100 km/h. A altura mínima exigida também é a de 1,37 metro.
- Kraken: de quase toda parte de Orlando é possível testemunhar a imponência dos trilhos da Kraken, parte das atrações do SeaWorld. A inspiração, neste caso, vem do monstro marinho da mitologia que atormentava os mares. Além da velocidade - 105 km/h -, os sete loopings são uma atração à parte.
Em águas mais tranquilas
Vista uma roupa emborrachada - própria para águas de temperaturas mais frias -, abuse do protetor solar e se atire ao mar, ou melhor, à lagoa. Se a sua praia não é acelerar, a chance de nadar ao lado dos golfinhos promete ser o ponto alto da experiência vivida em Orlando.
Aprender a se comunicar com esses animais e obter deles uma resposta na forma de movimentos acrobáticos dentro e fora d'água - e até mesmo um beijo - é um atrativo à parte do Discovery Cove.
Mas só maiores de seis anos podem ficar à vontade para participar da aventura - e crianças com idade entre seis e 12 anos precisam estar acompanhadas de uma pessoa maior de 18 anos para poder participar. Cada treinador recebe um grupo com no máximo 10 visitantes. Dentro da água, todos querem - e têm- a chance de interagir com os animais.
Na primeiro afago, a textura causa uma certa estranheza. Na segunda passada de mão, já dá para ficar mais à vontade e arriscar o primeiro sorriso. Mas as grandes façanhas vêm em seguida: hora de aprender a dar um abraço. Mais algumas instruções, e você estará pronto para dar o primeiro beijo - ou o segundo, o terceiro, o quarto.
Para mim, a melhor parte foi a "carona" que peguei com Aries. Andar a tiracolo da simpática fêmea me fez ganhar o dia e produziu como efeito imediato um sorriso genuíno de criança, apesar dos meus 32 anos de idade. No total, são 30 minutos de interação para cada grupo, antecedido de um vídeo de preparação.
Ainda no mesmo parque, é possível usar o snorkel na área batizada de Grand Reef (O Grande Recife, em inglês) e nadar ao lado de uma variedade de peixes coloridos e arraias - não se preocupe, são de espécies sem ferrão, que não oferecem risco. Para os que buscam aprofundar a relação, há a opção do Sea Venture, um mergulho no qual se utiliza um capacete no estilo escafandro.
Fora d'água, o Busch Gardens, em Tampa, oferece a experiência do Serengeti Safari. É a oportunidade de ficar bem pertinho de zebras, rinocerontes e girafas, entre outras tantas espécies. O percurso de 30 a 40 minutos de duração é feito em um jipe aberto. A parada obrigatória é para alimentar as simpáticas girafas reticuladas, que se aproximam sem a menor cerimônia tão logo avistam as folhas de alface.
Na mesma linha está a Turtle Trek, atração nova do SeaWorld em Orlando, que reproduz em um teatro de cúpula a jornada de uma tartaruga marinha. No começo, a ideia de entrar em um ambiente fechado com tantas atrações ao ar livre parece pouco atrativa. Mas a viagem ganha cores reais com os recursos da tecnologia 3D em 360º e os efeitos que permitem até mesmo sentir os respingos de água ao longo do caminho nos 10 minutos de vídeo, exibido com a ajuda de 34 projetores e 368 mil lumens de luzes.
Contato privilegiado
Outras atrações ajudam a aproximar os visitantes da natureza:
- Animal care center: localizado no Busch Gardens, em Tampa, foi inaugurado no início do ano e permite ao visitante, entre outras coisas, assistir em tempo real ao tratamento cirúrgico dado aos animais. O veterinário usa, inclusive, um microfone para narrar o procedimento e responder a eventuais dúvidas.
- O Show das baleias: com capacidade para 6 mil pessoas, o estádio da Shamu - nome dado à baleia símbolo do SeaWorld -, no SeaWorld de Orlando, recebe visitantes curiosos em ver de perto a performance das orcas. Quem senta nas cadeiras mais próximas à piscina não escapa de ficar molhado durante a execução das acrobacias, o que pode ser bastante confortável em períodos de muito calor.
- Aquatica: se o seu objetivo é sombra e água fresca, o Aquatica, em Orlando, reserva opções que incluem praia artificial, toboáguas e tobogãs. É possível alugar no local armários para guardar pertences e também toalhas. Destaque para os rios de correnteza forte, o Roa's Rapids, ou fraca, o Loggerhead Lane, que literalmente fazem a gente sair do lugar.
Programe-se
Como em toda viagem, o planejamento permite aproveitar melhor as atrações e também pode ajudar a economizar:
- Algumas atrações têm pré-requisitos - de altura, no caso das montanhas-russas, e de idade, no caso de atrações como o nado com os golfinhos e o Serengeti Safari, e também podem não estar incluídas no preço do ingresso do parque.
- Há atividades que precisam de agendamento prévio. Informe-se no site www.seaworldparks.com.br
- Os ingressos podem ser comprados separadamente ou de forma combinada, o que, além de representar uma economia, também dá direito a algumas regalias como o uso de transporte gratuito entre Orlando e Tampa, por exemplo.
- Ao comprar o ingresso para o Discovery Cove, você já tem incluído, automaticamente, dois parques do grupo: SeaWorld e Aquatica, que podem ser utilizados de maneira ilimitada por 14 dias consecutivos contabilizados após a primeira visita. Por mais US$ 20 é possível incluir o Busch Gardens. O ticket sem o nado com o golfinho varia entre US$ 149 e US$ 179 (mais imposto). Com o nado com o golfinho, fica entre US$ 229 e US$ 329 (mais impostos).
* A jornalista viajou a convite do SeaWorld Parks & Entertainment e da American Airlines