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O mês de janeiro no Litoral Norte foi marcado pelo sotaque espanhol nos bares, restaurantes, hotéis, no comércio de rua, na beira da praia e pelo incremento no faturamento destes setores. A presença dos argentinos é apontada como principal motivo para os bons números.
Conforme a Câmara de Comércio Argentina Brasileira de São Paulo (Camarbra), a Argentina teve uma valorização da sua moeda no último ano, o que proporcionou facilidade para adquirir dólares e maior poder de compra no exterior. Do lado de cá, o real vem em um movimento oposto, de desvalorização.
Além disso, o forte calor e o mar limpo ajudaram, apontam os proprietários dos estabelecimentos.
De acordo com o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte, durante o mês de janeiro, o setor que possui 22 mil leitos, registrou lotação máxima. Cerca de 70% dos turistas eram argentinos, ou seja, de cada 10 hóspedes, sete eram do país vizinho. O período de maior procura foi de quarta-feira a domingo.
— Janeiro foi um mês extremamente importante para os setores. Tivemos lotação máxima em praticamente todo o período, melhor que na temporada anterior. Agora em fevereiro, vamos ficar em 60% de ocupação sendo 20% hóspedes argentinos - explica a presidente do sindicato, Ivone Ferraz.
A presença de turistas do país vizinho também foi sentida diretamente pelos restaurantes e camelódromos. Gerente do bar e restaurante Quebec, Everton Bagnara, afirma que de 35% a 40% das vendas estão relacionadas aos argentinos. Para ele, janeiro de 2025 foi o melhor em cinco temporadas.
— Janeiro foi um mês excelente, digo que o melhor durante todo esse tempo que estamos no centro de Capão da Canoa. Temos um quadro de 15 funcionários fixos, mas tivemos que chamar mais seis freelancers para os finais de semana — contou o gerente.
Para o proprietário do Rei dos Mares Marinheiros, Jarbas Cassiano, metade do faturamento da temporada de janeiro foi graças aos argentinos.
— Podemos dizer que 50% do movimento do restaurante foi por turistas do país vizinho. Em janeiro, quase todos os dias, era de casa lotada. Tivemos sorte dos dias bons e de muito calor também.
O vice-presidente da Associação de Camelódromos de Capão da Canoa, Felipe de Lima, estima que 15% das vendas do setor esteja relacionado aos turistas.
— Trabalho há 25 anos nessa área e há muito tempo não tínhamos um mês tão positivo assim. Todos os trabalhadores do camelódromo também relatam o mesmo.
Cenário em Tramandaí
Segundo os lojistas, a presença dos "hermanos" foi vista, mas o faturamento não superou o da temporada passada.
Guilherme Henrique, proprietário do Lojão Goiano, conta que o faturamento ficou abaixo do esperado, mas a venda para argentinos aumentou 30% na comparação com os demais anos.
O proprietário da loja de vestuário infantil Modinhas Personagens, Osmarlino Silva, relata que a expectativa era alta, mas não se concretizou:
— O ticket de venda ficou entre R$ 50 e 80. Valor que não ultrapassou o de 2024. Acredito que muito por conta da enchente e do impacto no bolso das pessoas.
Expectativa para o Carnaval
O Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte estima lotação de 90% nas acomodações nas praias gaúchas, superando a expectativa da temporada anterior. O principal destino dos turistas é Torres.