Um município de apenas 3 mil habitantes vem se tornando opção para quem deseja curtir a natureza no Litoral para além do mar. A 30 quilômetros de Torres, Morrinhos do Sul oferece opções de pousadas, campings e trilhas com rios, cachoeiras e cascatas. Por trás dessa alternativa turística, estão famílias que, após décadas vivendo da fruticultura orgânica, decidiram compartilhar as experiências que as propriedades oferecem.
Zero Hora esteve em quatro atrações que podem servir de destino turístico para quem busca tranquilidade. Três delas oferecem hospedagem, enquanto duas disponibilizam trilhas. Todas podem ser desfrutadas em um único roteiro.
Para chegar a Morrinhos do Sul indo de Porto Alegre é necessário utilizar a freeway, a BR-101 e, no acesso ao município, trafegar pela RS-494. De carro, a viagem dura, em média duas horas e 30 minutos, deixando o centro da Capital.
Confira dicas para aproveitar as quatro propriedades
Conheça história das famílias que compartilham suas terras com os amantes do ecoturismo. E saiba como se programar para aproveitar os quatro locais, com os valores cobrados em cada estabelecimento.
Pitayas Eco: o Jalapão Gaúcho
O apelido já pegou. Influenciadores digitais que passam pelo camping comparam o Pitayas Eco com o Jalapão, Parque Estadual que fica no Estado do Tocantins, e oferece a água calma e cristalina do Rio do Mengue. A propriedade gaúcha, de 20 hectares, fica oito quilômetros distante do centro da cidade.
— No Tocantins não tem pitaia, não tem banana orgânica, nem trevo de quatro folhas e aqui no Pitayas nós temos tudo isso para apresentar — brinca Eliana da Rosa Carlos, 55 anos, proprietária do local.
Muito antes de atrair influenciadores e amantes da natureza, a família de Eliana mantinha o espaço como uma propriedade rural. Há mais de três décadas a área é usada para cultivo de bananas e pataias, fruta que atrai pela cor e aspecto exótico e dá nome ao local. São cerca de quatro toneladas por safra.
Além da comercialização da fruta incomum, a família viu potencial para transformar uma mata fechada em área de lazer e hospedagem. Assim, complementa a renda da colheita.
— Três anos atrás deu um vento muito forte e caiu muitas árvores aqui. Em 2019 eu fiz um curso de turismo e a gente passou a sonhar em família. Pensamos: “vamos dar uma limpada, organizada e fazer um espaço para receber o pessoal da cidade”. Dos orgânicos para o turismo, foi um salto bom — exalta.
Foi depois da pandemia que o local passou a atrair mais visitantes. O principal trunfo do espaço é oferecer paz e tranquilidade. Banho de rio, proximidade com a produção de frutas orgânicas, contato com diferentes tipos de animais, além de ser próximo a pontos que oferecem trilhas são atrativos. Atualmente a página do empreendimento no Instagram possui mais de 95 mil seguidores, número que representa aproximadamente 32 vezes a população de Morrinhos do Sul.
— De toda a extensão do rio, aqui é o único espaço que tem uma laje por baixo. É muito bom ficar ali dentro, porque não é pedra, é uma laje. Vira uma espécie de piscina, o pessoal aproveita muito — acrescenta Elen da Rosa Carlos, 22 anos, filha de Eliana e responsável pela divulgação nas redes.
Além de um espaço para acampar, o Pitayas oferece uma cabana, dois chalés e quartos compartilhados. É possível também apenas passar o dia (day use). O espaço pode receber até 40 pessoas simultaneamente e, por isso, a chegada é mediante reserva. Não são oferecidas refeições, que podem ser feitas em pousadas próximas. O caminho é todo asfaltado.
Valores
- Camping: diária de R$ 60 por pessoa
- Passar o dia: entre R$ 40 a R$ 50 por pessoa (varia conforme dia da semana)
- Cabanas e chalés: diária entre R$ 350 a R$ 550 o casal (varia conforme dia da semana)
- Hostel: diária de R$ 100 a R$ 150 por pessoa (varia conforme dia da semana)
Recanto Vô Ilário: ponto de encontro familiar que virou restaurante e pousada
Na mesma região, outra pousada serve de opção para relaxar e tomar banho de rio. Um dos pioneiros na localidade, o Recanto Vô Ilário fica às margens do Rio do Mengue. Há 15 anos, a família de Ilário Francisco Evaldt resolveu transformar uma área da propriedade de 48 hectares onde eram produzidos arroz e bananas em ponto para banho de rio e hospedagem.
— A família se reunia no rio, daí começou os amigos, os outros familiares e a gente achou por bem formar um espaço para que todo mundo pudesse vir compartilhar, participar, tomar um banho de rio, poder ter essa outra parte de natureza — conta Inês Evaldt da Silveira, filha de Ilário e proprietária do alojamento.
A água limpa e cristalina é a principal atração. O espaço tem como um dos diferenciais galpão e área com churrasqueira, que pode ser utilizado por todos os visitantes.
Além disso, há restaurante para hóspedes e não hóspedes. O local oferece acomodações, incluindo uma cabana e área para camping. Também é possível aproveitar o empreendimento sem passar a noite. O acesso é asfaltado.
Valores
- Passar o dia: R$ 20 por pessoa
- Pousada: diária de R$ 60 por pessoa sem café da manha e R$ 80 por pessoa com café da manhã
- Restaurante: R$ 35 por pessoa em dias de semana. R$ 55 por pessoa
- Cabana: R$ 250 por uma diária (diárias adicionais por R$ 200)
- Camping: R$ 40 pessoa. Cabana compartilhada para acampamento: R$ 50
Cachoeiras do Tio Paulo: paraíso no quintal de casa
Quando adquiriu a propriedade, há oito anos, Paulo Evaldt não fazia ideia das belezas contidas nos fundos do terreno. Nos ano seguintes, ele e seu filho, Marcos Paulo Schwank Evaldt, começaram a desbravar a área, até se deparar com três cachoeiras em uma trecho de mata coberta.
— A gente ouviu falar que tinha cachoeiras na propriedade, mas não sabia ao certo onde ficavam. Então, com os anos, fomos explorando a propriedade. Os vizinhos nos ajudaram até, de fato, encontrarmos as cachoeiras — relata Marcos.
Duas delas já possuem acesso por trilha. A mais curta leva a uma queda de 18 metros de água, enquanto quem caminha mais se depara com uma cachoeira de 30 metros. É possível tomar banho junto às atrações, mas atenção: a água é fria.
Alguns cuidados são necessários. Ambas as trilhas são rápidas e acessíveis, mas devem ser feitas com tênis e roupas adequadas. Em dias mais úmidos a atenção precisa ser redobrada.
Por enquanto, o local está disponível apenas para passeios. A propriedade fica aberta o ano inteiro. Até a entrada da área, o acesso pode ser feito de carro - fica a apenas cinco minutos do Piatayas e do Recanto Vô Hilário. O restante do caminho é feito a pé.
Valores
- Taxa de visitação: R$ 25 por pessoa
Recanto Sobragi: para amantes de trilha
No final do século 19, a família Boff se instalou na subida do Morro Tajuvas. Já no século seguinte, por décadas, cultivaram ali cana-de-açúcar, onde foi criado um engenho, para a produção de cachaça.
Após décadas mantendo um espaço familiar, a herdeira da família, Nilvia Pinto Pereira, e seu marido, Walterlei da Silva Pereira, administram o espaço como pousada e ponto de apoio para atividades como rapel, trilha e canionismo. Surgia o Recanto Sobragi.
— É um espaço muito bonito. Nós achamos que toda a beleza desse lugar tem que ser compartilhada. O primeiro pensamento que veio pra nós foi que este lugar é tão sagrado que merece ser visitado por mais gente e ter novos olhares — conta Nílvia.
O recanto é uma referência para trilheiros que desejam desbravar trilhas e conhecer a área de encosta da serra litorânea. A reportagem foi levada de jipe até um ponto de 800 metros acima do nível do mar, de onde é possível avisar a praia de Torres. O passeio está disponível para visitantes, que podem passar o dia na propriedade.
Muitas pessoas se aventuram a percorrer o trajeto na madrugada, para acompanhar o nascer do sol e se deparam com uma das mais bonitas vistas da região. A trilha conta com 11 cachoeiras e oito cascatas.
Além disso, o local serve como ponto de apoio oferecendo dormitórios e refeições para quem faz longas travessias pelas serras catarinense e gaúcha. Contudo, também acolhe quem procura mais tranquilidade e contato com a natureza. Para chegar, é preciso percorrer sete quilômetros de estrada de chão.
Valores
- Passar o dia: R$ 35 por pessoa
- Passeio de jipe: R$ 250 até quatro pessoas
- Refeição: R$ 40 para hóspedes (café da manhã incluso) e R$ 60 para não hóspedes
- Chalé: R$ 550 diária (café da manhã incluso)
- Cabana: R$ 400 diária (café da manhã incluso)
- Suítes: R$ 300 diária (café da manhã incluso)
- Alojamento: R$ 80 por pessoa
- Camping: R$ 50