Desviar de postes tem sido parte da rotina de motoristas que circulam por um trecho da Avenida Paraguassú, em Capão da Canoa, no Litoral Norte. Os obstáculos foram gerados em uma obra de duplicação feita pela prefeitura para melhorar o acesso ao distrito de Capão Novo.
O investimento alterou o traçado da via, mas não houve a adaptação dos postes de energia elétrica nas margens da avenida.
Segundo a prefeitura de Capão da Canoa, o realinhamento é responsabilidade da CEEE Equatorial; para a concessionária, a mudança é dever do poder público municipal.
Durante a apuração desta reportagem, na tarde de segunda-feira (23), as partes informaram que a correção será feita ainda neste ano (leia abaixo o posicionamento delas).
A situação prejudica deslocamentos e aumenta o risco de acidentes, conforme motoristas ouvidos por Zero Hora. Alvo Alves, 66 anos, parou o veículo para conversar com a reportagem na tarde de domingo (22).
— Dirijo há no mínimo 50 anos e esta é a primeira vez que vejo algo assim. A sorte é que minha esposa e minha filha me avisaram, pois elas já tinham visto. Tive que diminuir a velocidade e puxar para a esquerda (para não bater no poste) — comentou o aposentado, que tem uma casa em Arroio Teixeira, distrito de Capão.
Morador da região há mais de uma década, Fabrício Nascimento Machado, 44 anos, pediu agilidade para resolver o problema, que se arrasta há meses.
— É um absurdo. Evito passar por aqui por causa desse esquema, daí vou pela Estrada do Mar. Todo mundo já contestou isso, falaram que iam arrumar, mas, pelo visto, foi só de boca — disse o pintor.
Ele comentou que a situação piora à noite, porque a sinalização é precária e o trecho está sem iluminação.
— Quem é morador está acostumado, mas a maioria não conhece. Minha esposa viu um carro que passou reto e foi parar em cima do canteiro. As rotatórias ficaram mal feitas — acrescentou Fabrício.
A reportagem contou seis postes no meio da pista da avenida nos dois sentidos, no trecho já liberado para trânsito. Para alertar sobre a presença das estruturas, foram colocados cones laranjas.
Há também placas informativas: uma delas chama à atenção para “risco de acidente”, além de advertir o limite de velocidade de 40 km/h; outra alerta para a redução de velocidade antes de entrar na rotatória.
Antes da obra, iniciada em 2023, a via era uma reta; depois, a configuração da pista foi alterada para receber a duplicação, mas os postes não foram realinhados para comportar a mudança.
Em uma das rotatórias, o condutor precisa escolher desviar para a esquerda ou para a direita, pois a estrutura está centralizada.
Há divergências sobre desde quando ocorre a situação. Segundo moradores, o problema teve início há meses, ainda em 2024. Já a CEEE Equatorial, afirma ter observado em julho. A prefeitura foi questionada sobre o assunto, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.
A duplicação faz parte de um investimento de R$ 32 milhões feito pela prefeitura de Capão da Canoa. O trabalho envolve 5,5 quilômetros da Avenida Paraguassú, a principal via de ligação da cidade. O trecho a ser ampliado se inicia na Avenida Brasil, na Zona Norte, e se estende até a praia de Capão Novo.
O que diz a prefeitura
À reportagem, a prefeitura de Capão da Canoa informou estar em conversas com a CEEE Equatorial – as responsáveis pelos postes – desde o início da obra. Na avaliação do poder público, o realinhamento seria de responsabilidade da concessionária. Um processo licitatório foi feito para uma empresa realizar o trabalho com recursos municipais, conforme Ricardo Matos, secretário de obras e saneamento.
Durante a tarde de segunda-feira (23), ele informou que seis postes serão arrumados pela CEEE Equatorial ainda em 2024; os demais serão organizados pela empresa que venceu a licitação.
O que diz a CEEE Equatorial
Sobre o assunto, a concessionária enviou a seguinte nota:
A CEEE Equatorial informa que o custo para o deslocamento e a remoção de postes na obra realizada na avenida Paraguassu, em Capão da Canoa, é de responsabilidade do poder público, conforme determinado no art. 110 da Resolução 1000/2021, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Em 2023, a administração municipal solicitou orçamento para o deslocamento dos postes, o que foi enviado pela distribuidora. No entanto, a administração municipal não se manifestou mais sobre o tema.
Desde julho de 2024, as fiscalizações realizadas pela CEEE Equatorial identificaram que os postes ficaram no meio da via, trazendo risco de acidentes para a população, e desde então vem notificando a prefeitura para que faça a adequação. Na tarde desta segunda-feira (23), a consultora da companhia fez contato com a prefeitura e ficou acertado a troca de seis postes e que o custo será repassado para a prefeitura.