O desabastecimento de água em Capão de Canoa — problema registrado na tarde dessa quarta-feira (1º) após a queima de um equipamento da rede subterrânea, atingido por um raio — afetou hotéis, restaurantes, comércios e moradores.
De acordo com a Corsan, um gerador usado de forma emergencial devolveu 50% da capacidade da subestação de Capão da Canoa nesta quinta-feira (2). Com isso, a água chega à maioria dos locais, porém com pouca pressão, reforça a companhia.
A professora aposentada Elbia Borges, 73 anos, está hospedada em um apartamento alugado para as festas de fim de ano e sentiu os efeitos do transtorno no primeiro dia do ano. O mesmo raio que atingiu a subestação da Corsan, por volta de 15h, queimou o televisor da sala do imóvel.
— Foi na hora, a TV desligou e não ligou mais. A água até já voltou, mas fica indo e voltando — relata a idosa, de Santa Maria.
No Capão da Canoa Mar Hotel, três hóspedes também reclamaram da queima de televisores. Parte dos 77 apartamentos ficaram sem água desde a manhã desta quinta-feira (2). Na recepção, os banheiros estão interditados e dos chuveiros usados para limpar a areia dos hospedes que saem da praia, não sai nenhuma gota.
— Tem que haver uma solução rápida — cobra o gerente, Milto Monteiro.
A churrascaria Estância Gaúcha não abriu na noite dessa quarta-feira (1º), sem condições de lavar os pratos, espetos e talheres sujos ao meio-dia. O prejuízo, estimado pelo proprietário, Sandro Roberto Fischer, 54, é de R$ 10 mil.
— Foram 300 jantares no mínimo que eu não vendi. Ela (a água) chega de manhã, a gente armazena nos baldes e de tarde não tem mais — conta o empresário.
O restaurante Querência Amada usou uma torneira da rua para encher bacias que serviram de pia para a louça usada.
— Para os espetos, a gente ferve a água e lava. Mas é uma situação muito difícil — relata o churrasqueiro Jair Hahn, 44, ao lado da torneira sem água.
Falta de água também afetou Tramandaí
Em Tramandaí, o rompimento de uma adutora no Centro, na sexta-feira passada (27), também suspendeu o abastecimento de água em parte do município no final de semana. A interrupção no serviço afetou a rotina de moradores e veranistas, principalmente entre o fim da tarde de sexta e a noite de sábado (28). A Corsan informou que a normalização total do sistema ocorreu na segunda-feira (30).
Na Avenida Beira Rio, no bairro Barra, o vendedor Rafael Azevedo, 42 anos, teve de recorrer à água mineral para conseguir driblar o imprevisto. Com 12 pessoas em casa - sete residentes e cinco visitantes - a família comprou duas bombonas de 20 litros para enfrentar a falta de água até o fim da noite de sábado, diante do calorão que atingiu a região na data.
— O pior foi para tomar banho. Tenho parentes aqui na frente que também tiveram que comprar água mineral para conseguir tomar banho — disse Azevedo, que teve de estender o jogo de cartas com familiares no sábado para matar o tempo até a volta da água.
Dono de um mini-mercado na mesma avenida, João Honorio Sanson, 63 anos, teve recorde de venda de garrafas de água na ocasião. O comerciante estima crescimento de 300% na procura pelo produto. Ele vendeu no período 192 garrafas de cinco litros — 960 litros do produto no total.
— Tivemos um excesso nas vendas. Eliminou o nosso estoque de água — disse o empresário.
Nesta quinta-feira (2), nas geladeiras do estabelecimento de Sanson, estavam expostas diversas bebidas geladas, como cervejas, sucos e refrigerantes. Nenhuma garrafa de água - nem mesmo de 500 ml - figurava entre os produtos. Apreensivo, ele esperava um carregamento do produto, prometido ainda para a tarde desta quinta.