Embora muitos abrigos impeçam o acesso de adultos habilitados à adoção, a casa de acolhimento de Farroupilha abre as portas em um almoço anual. A instituição leva crianças para ouvir e falar em um evento, também anual, do DNA da Alma, grupo de apoio à adoção da cidade. Foi em um desses encontros que a professora Fabiana e o médico Jaime conheceram os filhos mais velhos.
- Não permitimos visitas frequentes, que podem criar vínculo entre habilitados e crianças. Mas nos eventos eles (os adultos) podem conhecer a realidade dos abrigados e ampliar seus perfis, aceitando adotar mais velhos e grupos de irmãos - explica a psicóloga do abrigo, Rejane Comin, uma das fundadoras do DNA da Alma.
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Segundo Fabiana, bastou conversar um pouco com Vitória, à época com sete anos, para ter certeza de que ela e o marido seriam capazes de adotar crianças mais velhas. Quando, após o evento, eles perguntaram sobre irmãos da menina à coordenadora do abrigo, surpreenderam-se com a notícia de que eles eram quatro ao todo.
- Num primeiro momento, pensamos que não daríamos conta. Depois, fomos visitar uma prima do Jaime que tem quatro filhas e vimos que era possível - conta Fabiana.
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Ela e o marido manifestaram em março ao Judiciário o interesse de adotar os quatro. Logo começaram a conviver com as crianças. Depois de julgada a adoção, a equipe do abrigo orientou que os pais levassem os filhos aos poucos, em um processo que demorou um mês. O caçula Luis Gabriel, de um ano, foi o primeiro a chegar à nova casa, seguido de Laila, três anos, enviada 10 dias depois. Vitória e Carlos, de oito e 12 anos, foram juntos, 20 dias mais tarde.
- Ficamos muito tranquilos porque sabíamos que as pessoas que trabalham com adoção em Farroupilha são extremamente sérias e apaixonadas pelo que fazem. Não largaram os quatro aqui da noite para o dia - elogia Jaime.
Hoje, os pais participam da diretoria do DNA da Alma, para incentivar outros habilitados a adotarem grupos de irmãos.
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Juiz liga para casais na fila da adoção
Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determine que os irmãos devem preferencialmente ser adotados juntos, o juiz Mario Romano Maggioni explica que às vezes os separa. Isso ocorre quando o Judiciário não consegue encontrar habilitados que aceitem grupos muito numerosos de irmãos:
- Já tive grupos de cinco irmãos em que foram dois para um casal e três para outro, mas mantiveram o vínculo. Prefiro separar e encaminhar para adoção a institucionalizá-los e deixá-los na casa-lar até completarem 18 anos.
Quando há crianças aptas à adoção, Maggioni também sai da curva: tira o telefone do gancho e começa pessoalmente a procurar candidatos a pais. Mesmo que o perfil informado dos habilitados no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) não corresponda ao da criança, o magistrado entra em contato. Assim, os pequenos ganham pais que nunca encontrariam caso o juiz buscasse apenas no sistema.
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Exemplo
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Fernanda da Costa
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