Ian Schrager sabe bem como montar lugares em que as pessoas se matam para entrar – a começar pelo Studio 54, casa noturna badaladíssima nos anos 70 (e objeto de um documentário recente).
Porém, na década de 80, depois de condenado por evasão fiscal, sendo mais tarde anistiado, Schrager deixou de lado o entretenimento noturno e passou a investir no setor hoteleiro, com a criação do Morgans Hotel Group. De lá para cá, vendeu o negócio, reformou e vendeu o Gramercy Park Hotel e começou outras empreitadas, incluindo o Public e uma parceria com o Marriott International na linha Edition.
Essa série, por sinal, abriu filiais, em novembro passado, em Xangai e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, com hotéis em Times Square e West Hollywood, na Califórnia, programados para ser inaugurados este ano.
Por causa de tudo isso, Schrager, que mora em Manhattan, está sempre com o pé na estrada. Saiba aqui aonde ele vai, o que leva consigo e o que acha que o viajante quer em um hotel.
P: Com que frequência você viaja?
R: Se for lazer, umas doze vezes por ano. Tenho família; adoro sair sempre que possível. A negócios, depende do projeto a que estou me dedicando. Atualmente, estamos trabalhando em cerca de 40 filiais novas do Edition, e também tem os hotéis da cadeia Public. Sim, eu viajo muito, mas tenho sorte porque ainda amo o que faço.
P: Você dorme no avião? Lê? Vê filmes?
R: Durmo quando consigo, o que é bem raro. A princípio, trabalho bastante. Quando estou no avião, acho ótimo todo aquele silêncio, quer dizer, não tem distração, ninguém para me perturbar. Eu tomo decisões por um monte de gente; o avião ainda é um dos poucos lugares onde dá para se isolar, é calmo, e dá para trabalhar bem e bastante.
P: Viagens memoráveis?
R: Recentemente, estive em Xangai para a inauguração do Edition de lá, e fiquei de queixo caído. Já estive na cidade, há um ano ou dois, mas tudo na China é na base da velocidade da luz. O que me impressionou mais foi o clima de "podemos realizar qualquer coisa, basta querer" e o que conseguiram em matéria de arquitetura. Fiquei impressionadíssimo com o avanço de tudo e como a população é voltada para a moda.
P: Existe alguma coisa, algum objeto que você sempre leva nas viagens?
R: Geralmente, tenho em casa uma pilha de jornais e artigos de revistas que quero ler, mas nunca tenho a oportunidade. Ponho tudo em uma sacola; assim, depois dá para jogar tudo fora de uma vez, quando eu tiver terminado. Tem também os carregadores, os dispositivos eletrônicos, os fones AirPod. É meio como andar com um escritório portátil.
P: Quando sai à procura de um local com potencial para se tornar uma nova unidade de seus hotéis, o que busca exatamente?
R: Primeiro de tudo, tenho de estar empolgado em fazer alguma coisa ali; tenho de gostar da cidade. Tenho de me identificar com ela. Se passar nesse teste, aí procuro uma oportunidade. Fico de olho para achar alguma coisa que ainda não tenha sido feita.
P: Em sua opinião, o que a pessoa procura em um hotel?
R: Ela quer mais do que só um lugar para dormir, ou seja, espera encontrar o melhor da cidade que está visitando naquele local específico. Enquanto estiver ali, pretende viver a cultura local de uma maneira única, superior. É como se estivesse criando um microcosmo.
P: Tem algum lugar aonde ainda não tenha ido e a que gostaria de ir?
R: Tive a sorte de poder visitar a maioria dos lugares que sempre quis ver, mas ainda não estive na Amazônia, nem na Antártida. Tem também a Coreia do Norte. Quero levar meu filho a um safári. Quando fui ao Quênia, levei minhas filhas; ele, eu levaria para a Tanzânia. Adoraria ver a migração dos animais.
Por Bee Shapiro