"Hoje é mais um dia / perdendo tempo / constrangedor / falta anestesia / pra cirurgia". A tradicional canção "Um Novo Tempo", que é regravada todos os finais de ano pela Rede Globo, ganhou uma paródia inteligente do Sindicato de Médicos do Ceará. Buscando denunciar os problemas em postos de saúde em todo o Estado, o vídeo viralizou nas redes sociais e soma quase 700 mil acessos desde o dia 22; assista:
Em entrevista ao G1, a presidente do sindicato dos médicos, Mayra Pinheiro, disse que o desabafo de um médico com 50 anos de carreira incentivou a produção do vídeo:
— Um dos nossos médicos nos procurou chorando, dizendo que ia abandonar a medicina porque não aguentava mais assistir a morte dos doentes jovens por falta de medicamentos.
Segundo ela, a escolha da música foi totalmente intencional para provocar um debate e até chamar a atenção a nível nacional, já que outros protestos foram feitos e "nada mudou".
Entre os problemas relatados pelo órgão que representa os profissionais no Estado nordestino, estão a falta de insumos em hospitais tidos como referência; pacientes e familiares nos corredores de hospitais convivendo com sujeira e insetos; falta de medicamentos em postos; fila de espera para cirurgia e exames especializados; mortalidade hospitalar de até 30% em algumas unidades, e até órgãos jogados no lixo por falta de condições para realização do transplante.
Resposta
Em nota oficial, a Secretaria de Saúde do Ceará falou que "de janeiro a novembro de 2017, os hospitais da rede do Governo do Ceará realizaram 59.910 cirurgias e 81.868 internações, o que já representa volume superior ao registrado ao longo dos 12 meses de 2016. A projeção é que até o fim deste ano esses índices cresçam, respectivamente, 10% (cirurgias) e 12% (internações). Além disso, a mortalidade hospitalar na rede estadual de saúde caiu 12% em 2017".
Sobre a falta de insumos, o órgão público defende que "a descontinuidade pontual deve-se a fatores que envolvem o fornecimento, como realinhamentos de preços, atrasos de entrega, requerimentos de troca de marca por parte dos ganhadores das licitações, além de trâmites burocráticos necessários para dar mais segurança ao processo de aquisição".