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Houve um tempo no Brasil, e não faz muito, em que para se descobrir a renda de um jogo ou o relato de um árbitro sobre uma eventual expulsão era necessário um trabalho investigativo exaustivo. A modernidade fez com que hoje, minutos depois de uma partida, tudo esteja esclarecido oficialmente.
Os mecanismos tecnológicos e a necessidade de transparência criaram uma situação bem mais clara e que evita qualquer tipo de suspeita. Este modelo precisa urgentemente ser seguido em relação à arbitragem.
O árbitro de vídeo é uma realidade altamente benéfica para o futebol, mas sua validade no Brasil fomenta uma discussão absurda. Jogos como o empate do São Paulo com o Grêmio ou, antes disso, o confronto entre os são-paulinos e o Atlético-MG criaram uma pergunta simples: o que estes árbitros conversam entre si que acabam errando tão claramente? A resposta existe e precisa ser conhecida.
Impõe-se a liberação dos diálogos entre os árbitros. A tecnologia já permite isto. Basta a CBF colocar os áudios como anexos aos documentos das partidas em seu site. A lisura da competição não pode ser colocada em suspeição pelo silêncio gerado por uma verdadeira "caixa-preta" do futebol.
O que acontece numa partida de futebol não pode morrer quando ela acaba, até porque as atitudes dos árbitros diante de jogadores e comissões técnicas seguem com consequências em suspensões automáticas ou nos tribunais.
No caso do polêmico jogo do Morumbi, o árbitro de vídeo Elmo Alves Cunha foi premiado com a indicação para a partida que vale a liderança do Brasileirão, entre Inter e Flamengo. Poderia até a CBF, através do presidente da comissão de arbitragem, Leonardo Gaciba, dizer que Elmo não foi agente da desastrada atuação comandada pelo juiz de campo Rafael Traci, mas voto vencido em decisões equivocadas. Só que não há como provar nada, nem em defesa dos que comandam o jogo, porque as conversas são secretas.
É hora de a CBF defender o VAR. Basta liberar os diálogos e dar a transparência exigida ao processo. O público precisa ser esclarecido e quem erra, tanto quanto os jogadores, merece punição, e não prêmios.