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Terminado o Gre-Nal do último dia 3 de outubro, os treinadores de Grêmio e Inter foram ao centro do gramado e cumprimentaram o árbitro do jogo pela atuação. Na entrevista coletiva após a partida, Renato Portaluppi não só elogiou Raphael Claus, como disse que a arbitragem do Brasileirão estava de parabéns pela média apresentada no campeonato. Bastaram oito dias e o técnico gremista insistiu em mandar recados ameaçadores a Leonardo Gaciba, o diretor de arbitragem da CBF.
Para quem não lembra, as palavras do treinador após o Gre-Nal foram:
— Nós temos de elogiar, sim, as nossas arbitragens, porque muita gente só sabe criticar. Eu gosto de elogiar sempre a arbitragem, independentemente do resultado. Eu quero que os árbitros sejam justos, e os árbitros brasileiros têm sido justos.
Renato tem todo o direito de reclamar dos juízes, dos árbitros de vídeo, como foi o caso na Vila Belmiro, ou até do comando da arbitragem nacional. O que fica desagradável é a troca de discurso com frases fortes e de efeito, quando o que se esperavam eram explicações mais consistentes para fatos como a escolha de Bruno Cortez ao invés de Diogo Barbosa, a opção por Thaciano como titular e que ele permanecesse no time quando Lucas Silva foi sacado.
O técnico gremista por vezes parece perder a noção de que suas declarações são muito representativas e as pessoas a respeitam, tanto que vão cobrar muito a prometida "decolagem" no Brasileirão.
Não deve alguém com o peso e o nome de Renato Portaluppi ficar se desdizendo em pouco mais de uma semana ou até criando uma confusão a partir de sua compreensão da atividade do árbitro de vídeo.
Ele próprio, na mesma entrevista após o Gre-Nal, foi muito feliz ao reconhecer que vive um momento em que há necessidade de criar algo novo para seu time e que isto tem um preço. É exatamente o que ocorre na equipe gremista.
Na base da tentativa, o técnico busca a solução com as peças que tem e sob um limite muito visível. Não há pecado em perder tentando acertar, mesmo que cometendo erros. O desaconselhável é tentar desviar o foco, esquecer e contrariar coisas ditas há muito pouco tempo em tom de convicção.