A história contada com muita sensibilidade pelo repórter Rodrigo Oliveira, que está acompanhando o Brasil, direto da Austrália, é daquelas de se ler e emocionar a cada parágrafo. A reportagem que está publicada em GZH relatou todo o esforço e a superação de Lekão, o Sr. Elymar Costa, pai da zagueira Lauren, para poder acompanhar a filha durante o Mundial.
Os altos custos da viagem para a Oceania obrigaram o pai a vender o único carro, um Fiat 147, para ajudar na contenção de gastos. Apesar de se desfazer de um bem de alta estima, o lucro não foi suficiente. Para se manter durante um mês na Austrália, acompanhando o trajeto itinerante da filha com a Seleção, ele tem buscado opções alternativas, como albergues e até abrigo em casas de desconhecidos. O mesmo processo ocorre para conseguir transporte de uma cidade para outra.
Aos 20 anos, Lauren é a atleta mais jovem do grupo. Na estreia, assumiu a titularidade ao lado de Rafaelle, em virtude da ausência de Kathellen, com dores no joelho. Contra a França, no duelo mais importante da chave, ela poderá ter nova oportunidade. Esta é sua primeira experiência em uma Copa do Mundo. A defensora, que ganhou destaque no São Paulo, iniciou a carreira internacional na última temporada quando passou a atuar no Madrid CFF, da Espanha. Neste ano, o próximo destino será o Kansas City, dos Estados Unidos.
A situação entre pai e filha é uma entre tantas outras histórias desconhecidas. Novamente, alerta para um debate que precisa acompanhar a evolução da modalidade. Estou falando da igualdade salarial entre atletas. A maioria das jogadoras ainda não tem como usar a sua profissão como fonte de sustento da família.
Nesta Copa do Mundo, há diversos exemplos sobre seleções que estabeleceram discussões contra as próprias federações por direitos iguais. Atletas como Ada Hegerberg, que voltou a representar a Noruega depois de cinco anos por divergências com o tratamento da federação com o futebol feminino. Marta, referência do Brasil, na Copa de 2019, usou chuteiras pretas, sem nenhum patrocínio, com faixa azul e rosa, reivindicando a igualdade de gênero no futebol.
A seleção dos Estados Unidos, maior vencedora em Copas do Mundo Feminina, levou bons anos para que tivesse direito a receber de maneira igualitária o mesmo que a equipe masculina. Para que isso acontecesse, foi necessário uma ação judicial por discriminação de gênero.
Ainda que tardias, as posturas das entidades que gerem o futebol estão mudando. Para esta Copa do Mundo, além de aumentar os valores em premiação, a Fifa estabeleceu uma premiação histórica individual a todas as 736 atletas do torneio. A premiação é por fases atingidas no torneio, com mínimo garantido de 30 mil dólares (R$ 147 mil na cotação atual) e o máximo, no caso das campeãs, de 270 mil dólares (R$ 1,3 milhão).
O presidente da entidade, Gianni Infantino, afirmou que o salário global das atletas profissionais de futebol é de aproximadamente 14 mil dólares por ano. Portanto, a remuneração terá impacto significativo na vida profissional e pessoal das jogadoras.