Na Idade Média era comum pensar que pessoas com transtornos psíquicos tinham "o diabo no corpo", e tratamentos como sangrias e acorrentamentos se tornaram habituais. Essas e outras histórias são contadas no livro História Bizarra da Psicologia, que chega às bancas neste final de semana.
O Informe Especial conversou com Raquel Sodré, a autora da obra. A jornalista brasileira radicada em Portugal conta que instituições psiquiátricas do século XVIII mais pareciam zoológicos, e a técnica da lobotomia era “moda” entre os médicos.
Qual história mais te surpreendeu?
Acho que a maior surpresa veio com a história do Hospital Bethlem, em Londres. Foi o primeiro hospital psiquiátrico do mundo, aberto no século XIII, e era um show de horrores. Os doentes serviam de atração para turistas e curiosos. Uma barbárie! Mas tem várias outras histórias que me fascinaram. Por exemplo, a do experimento da prisão de Stanford, que buscava descobrir por que os ambientes carcerários são tão violentos. Ou o caso da irmã de John. F. Kennedy, que sofreu uma lobotomia e nunca mais foi a mesma. São muitas histórias surpreendentes!
Tem algum brasileiro na lista?
A história da psicologia tem muitos nomes centrais para a ciência. Então, personagens de relevância para o Brasil, como Nise da Silveira, acabaram sem espaço. Mas posso contar um causo recente que estava no manuscrito! Duas adolescentes, alunas da mesma escola, tiveram paralisia nas pernas depois de tomar a vacina contra o HPV, em 2014. Teoricamente, nenhum componente na vacina poderia causar essa reação. Os exames neurológicos estavam normais, o que aumentava o mistério. Por fim, os médicos concluíram que a reação foi psicossomática. Na época, havia um rebuliço em torno dessa vacina, causado principalmente pelos grupos religiosos, e as meninas acabaram somatizando essa tensão. Uma demonstração do poder da nossa mente!