
Recentemente um tema tomou as rodas de conversas reais e virtuais daqueles que apreciam a música regional, gostam da tradição, ou mesmo daqueles que gostam de posicionar-se sobre assuntos polêmicos. A contratação de shows sertanejos no Rodeio de Porto Alegre e um vídeo do cantor e recém empossado deputado estadual Luiz Marenco trouxeram mais uma vez o assunto à tona.
Há algum tempo, ao ver o outdoor de uma grande feira do Rio Grande do Sul que priorizava artistas de fora do Estado e apresentava apenas os shows regionais na programação e no projeto de lei de incentivo, escrevi texto para o Jornal da Farsul, federação que reúne os produtores rurais, pedindo a eles uma atenção especial para o espaço que os artistas do Estado estavam — e estão perdendo para grandes espetáculos de fora.
Neste momento, neste espaço que justamente é destinado às informações do agronegócio e lido por aqueles que movimentam tal segmento, volto a falar do tema. Sem me posicionar gostaria de apresentar-lhes alguns questionamentos para que todos, antes de formar uma opinião sobre o assunto, possam refletir. Em tempos de ideias instantâneas nas redes sociais, acho importante entendermos o panorama completo antes de emitir opinião. Então seguem abaixo os por quês. Te pergunta e te responde e vamos juntos tentar chegar a um denominador comum sobre esse mercado do qual, como artista e comunicadora, faço parte e quero ver perpetuado!
Reflexão necessária
Por que os shows são contratados? Por que os shows sertanejos levam grande público? Os shows gaúchos levam grande número de pessoas? Por que um rodeio que valoriza a cultura campeira gaúcha entende que os shows sertanejos podem ser contratados? Um evento dessa natureza tem cunho cultural ou comercial? Deve dar lucro? É realizado por entidade cultural ou por entidade com fins financeiros? Se fosse apenas cultural, deveria ou poderia dar lucro? Quais os valores de ingressos dos shows sertanejos? E dos gaúchos? O evento tem incentivo de lei destinada a cultura? A contratação de show em rodeio e/ou feiras agropecuárias busca levar grande número de público? Não existiria uma alternativa para levar mais gente a circular no evento além dessa? Deveria existir uma "cota" de preservação cultural nesses eventos? O governo poderia tomar algum tipo de atitude que incentivasse essa reserva de mercado regional? Se fossem shows gaúchos de outros gêneros, você concordaria com a contratação? Por que os festivais folclóricos da Argentina, por exemplo, levam uma média de 20 mil pessoas por noite? Você já viu algum evento assim? Sabe que tipo de shows são contratados? Por que os artistas baianos, sempre citados neste tipo de polêmica, têm incentivo do seu governo? O que isso trouxe de benefício para o Estado e para a cultura local? Você sabe os números financeiros que os shows daqui envolvem? Os shows sertanejos deixam algum tipo de imposto e gastos no Estado? Quem gosta da cultura gaúcha, da área campeira ou artística, escuta apenas artistas nativistas?
Você conhece os artistas daqui? Se sua resposta é não, por quê? A música regional gaúcha te representa enquanto gaúcho? Por quê? Você acha que sendo gaúcho tem que ter esse tipo de identificação? Qual a sua opinião sobre o assunto? Qual sua sugestão para resolver questões como essa, entendendo que a identidade de um povo é muito importante para o desenvolvimento da cidadania e da sociedade?
Reflete e me manda um e-mail com tua opinião. Vou reunir tudo e enviar ao deputado Luiz Marenco e quem sabe ao novo governador com essas reflexões para que o assunto não seja apenas mais uma polêmica de redes sociais.
Te aguardo!