São poucos os artistas negros na música regional gaúcha. Lembro, assim, de primeira, claro, de César Passarinho, Loma, Zulmar Benites, Giba Giba, Kako Xavier, Costa Lima, Dani D. K., Claudio Amaro, Edson Vieira, apenas citando alguns.
Mesmo com a presença fundamental na formação do repertório regional, nas heranças de origem africana da milonga, por exemplo, ou quando tratamos da força negra do trabalho ao conhecer a história dessa região brasileira, nem sempre a justiça foi feita ao negro na música regional gaúcha.
Seja na presença nos palcos, ou no reconhecimento não apenas de sua contribuição, mas da constatação de que toda a cultura daqui tem na tríade negro, índio, europeu e nessa miscigenação o resultado desse povo, percebemos que há muito ainda a ser feito no entendimento do negro no nosso Estado.
Educação, família e arte
Um artista ativista dessa busca de reconhecimento é Kako Xavier. Hoje aquerenciado em Pelotas, onde o suor negro ainda pinga no sal das charqueadas, criou em 2009 o Projeto Tamborada que desde 2016 atende a três pilares: educação, família e arte, envolvendo pessoas das mais diferentes áreas e muitas das quais, nunca haviam trabalhado com música.
Este ano tive a oportunidade de vê-los no palco na Moenda da Canção e serem aplaudidos de pé pelo público de Santo Antônio da Patrulha.
Hoje são mais de 3 mil pessoas alcançadas pelo projeto entre alunos, pais, professores, diretores e representantes de secretarias de educação de muitas cidades por onde eles têm circulado.
Com sede na Casa do Tambor, na praia do Laranjal, o projeto visa resgatar a história negra do Estado, com palestras e encontros, composição de canções, além da confecção de tambores praieiros de forma artesanal.
No início deste ano lançaram o CD “Agora somos nós” e no próximo dia 18 de novembro, o show Kako Xavier a Tamborada acontece na virada cultural de Pelotas, com várias participações especiais, como o Clube do Choro, Renato Borghetti, Tambores do Uruguai, artistas de Caxias do Sul com o trabalho do Maracatus e neste dia, Pelotas vai se auto declarar “A capital do Tambor”.
No dia 20 de novembro comemoramos o Dia da Consciência Negra. Que em todo o novembro, que recém se inicia, e que em todos os meses do ano possamos realmente dar o valor que merece a negritude na cultura do Rio Grande.