As portas do Museu da Brigada Militar, no centro da Capital, ainda estão fechadas, mas por trás delas começará a ser travada em breve uma guerra contra a ação do tempo que, implacável, corrói fotografias, manuais, livros e documentos que contam a história da instituição quase bicentenária (a BM foi criada em 1837) e do Estado.
As primeiras batalhas para vencer mofo e umidade, fungos e traças que tentam estragar as 5,5 mil peças do acervo bibliográfico começaram em 2008, com a criação da Associação Amigos do Museu da BM (AAMBM), presidida deste então pelo ex-comandante Jeronimo Carlos Santos Braga, 82 anos.
Concluído em 2017 e aprovado em 2018 por meio da Lei Rouanet, o projeto de restauração e preservação só agora teve completada a captação dos recursos que permitirá sua execução. Os R$ 422.600,00 obtidos junto às patrocinadoras Gerdau Aços Longos, Ventos do Sul Energia e MBM Seguradora garantirão o início dos trabalhos no começo de agosto. A proposta completa, que inclui a digitalização do acervo, será apresentada oficialmente amanhã (21) por Jeronimo Braga ao comandante-geral da BM.
— Queremos colocar tudo à disposição do público, para pesquisadores e historiadores terem acesso. No site, a história ficará aberta, ela não pode ser fechada. O projeto quer levar cada vez mais ao conhecimento, primeiro da sociedade, para que enxergue a instituição como algo além de sua missão precípua, e depois aos novos componentes da BM para entenderem a herança que estão recebendo — observa o presidente da AAMBM.
Responsável pela elaboração do projeto e captação dos recursos, Clarice Ficagna, diretora da Surya Projetos, observa que ele se dará em três etapas: a restauração e preservação do acervo, com uma equipe integrada por museólogo, historiador e restaurador; quatro das chamadas "oficinas de formação de plateia", para a comunidade escolar, membros da AAMBM e pessoas da área da historiografia entenderem e aprenderem como restaurar documentos; e a digitalização e publicação em uma plataforma acessível ao público. Tudo deve estar concluído até meados de 2022.
Há preciosidades entre as 5,5 mil peças, como relatórios de batalhas e revoluções, almanaques e boletins da BM que descrevem o dia a dia da corporação, acontecimentos e as providências tomadas, além de coleções completas de revistas como a Pindorama (1924-1928) e a Revista do Globo (1929-1967), doação dos irmãos Bertaso quando o museu funcionava no prédio da Linha de Tiro, no Partenon, fechado desde 2001 e também com projeto de restauração em andamento. O acervo reúne ainda filmes em 16mm das décadas de 1940 e 1950, mostrando como era a formação dos soldados, os equipamentos, as operações. E podem ser enumeradas outras raridades, como oito ou nove tomos em francês sobre a Primeira Guerra Mundial, doados pelo presidente da missão francesa no RS ao patrono da BM, coronel Affonso Emílio Massot (1865-1925).
Existem, inclusive, caixas de documentos que sequer foram abertas, diz Jeronimo Braga, com material vindo do Estado e do Exército e que precisa ser examinado. Tudo exigirá um trabalho minucioso de indexação, já que hoje existe apenas um inventário superficial dos itens.
Além do acervo bibliográfico, o Museu da BM tem milhares de peças como uniformes dos séculos 19 e 20, móveis e utensílios, veículos e material bélico.
O Museu da Brigada Militar fica na Rua dos Andradas, 498, no Centro (onde há pelo menos mais 15 museus e memoriais). Fechado ao público em razão da pandemia, ainda não tem data de reabertura. Fone: (51) 3288-2940.
Por terra
Lançado no dia 15 em Bom Jesus, o Caminho dos Tropeiros é um novo roteiro turístico do Estado. Por quase 300 anos, a rota serviu aos comerciantes para cruzar RS, SC e Paraná, chegando a SP e ao Uruguai e Argentina. Na região dos Campos de Cima da Serra, há passeios e cavalgadas, pousadas e locais que oferecem gastronomia regional.
Pelo ar
A partir do dia 2 de agosto, a Azul voará para oito novos destinos no interior do Rio Grande do Sul: Alegrete, Bagé, Canela, Erechim, Santa Cruz do Sul, Santa Rosa, São Borja e Vacaria. A companhia aérea já mantinha rotas para Pelotas, Santa Maria, Uruguaiana, Santo Ângelo e Caxias do Sul.
Passeio virtual
Não custa lembrar, já que ainda não se pode ir presencialmente, que dá para visitar o Palácio Piratini, que acabou de completar 100 anos, de forma virtual. Em maio último, o imponente prédio da Praça da Matriz ganhou um site que permite conhecê-lo nos detalhes, incluindo acervo de fotografias e obras de arte. Basta acessar palaciopiratini.rs.gov.br