A memória é falha e o Google, neste caso, não ajuda. Paciência. Já contei tantas vezes, que talvez tenha também escrito: filha de professora, ainda que ela estivesse licenciada quando nasci, ao entrar na escola eu já estava alfabetizada. O que me deu vantagens iniciais em relação aos colegas também me trouxe dissabores: chorava, diante do caderno e do quadro verde, por ter de fazer exercícios que julgava primários demais para o meu conhecimento. Por conta disso, pulei o pré e, em alguns dias, estava no primeiro ano, o que amenizou meu desgosto inicial, mas não chegou a ser suficiente: passei a invejar meus colegas e suas exclamações de satisfação diante das descobertas ao juntarem as letrinhas e formarem as primeiras palavras num tempo em que a cartilha rezava “Olavo ajuda papai” e “Élida ajuda mamãe”.
Crônica
O prazer de descobrir as primeiras palavras
A alfabetização, ainda que tardia, abre incontáveis possibilidades
Rosane Tremea
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