"Hei de ver seu nome escrito em placa de avenida", canta DJAVAN em Dona do horizonte, faixa de seu mais recente disco, em que o cantor e compositor relembra o que lhe dizia a mãe – e que fazia o filho "ouvir Ângela Maria e Dalva de Oliveira todo dia" e incentivava o moleque a dedicar-se à música ("Eu já nasci, minha mãe quem diz, predestinado ao canto"). Pois o alagoano vai apresentar nesta quinta, em Porto Alegre, esta e outras músicas do excelente álbum VIDAS PRA CONTAR. O show vai rolar no Auditório Araújo Vianna, a partir das 21h. Entre as canções confirmadas no setlist de Djavan estão Não é um bolero e Encontrar-te, entre várias outras de seu 23º disco, e os sucessos Outono, Boa noite e Eu te devoro. Acompanhado por Carlos Bala (bateria), Jessé Sadoc (flugelhorn, trompete e vocal), Marcelo Mariano (baixo e vocal), Marcelo Martins (flauta, saxofone e vocal), Paulo Calasans (teclados e piano) e João Castilho (guitarras, violões e vocal), o artista é quem assina a direção do show – que tem iluminação de Binho Schaefer e figurino de Roberta Stamato.
A coluna trocou uma ideia com o autor de clássicos como Sina, Pétala, Açaí, Capim, Luz, Flor de lis, Fato consumado, Seduzir, Morena de endoidecer e Faltando um pedaço, entre tantas composições inesquecíveis. Djavan, 67 anos, completou 40 de carreira em 2015 – quando também foi agraciado com o Grammy Latino de excelência musical, em homenagem ao conjunto de sua obra. Olha o papo com o mestre:
Quanto tempo você levou compondo as canções de Vidas pra contar?
Elas surgiram ao mesmo tempo. Na verdade, quando marquei o estúdio, eu não tinha música nenhuma! Nunca entro com o disco pronto, no máximo com quatro ou cinco canções prontas. O contato com os músicos e com os equipamentos me inspira. Nesse disco, mais ainda: marquei o estúdio para o dia 23 de fevereiro, e 10 dias antes da data eu não tinha nada. Fiz cinco músicas nesse meio tempo e as restantes durante a gravação.
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Você gosta de trabalhar sob pressão, então?
A pressão me inspira, sabe? A pressão não me embota; me impressiona.
O disco abre com um xote bem popular, Vida nordestina, um gênero que não é imediatamente identificado com o seu trabalho.
Quis homenagear o Nordeste. Começou a me dar uma nostalgia de Alagoas, de Maceió, e aí eu pensei em fazer uma música sobre isso. Mas comecei a ficar em dúvida também, porque tanta gente como Luiz Gonzaga, Zé Dantas, Jackson do Pandeiro já falou tudo sobre o Nordeste, de maneira tão bonita. Decidi então fazer algo mais contemporâneo, falando da religiosidade do povo, do folclore, dos folguedos populares. Fiquei muito feliz com o resultado e resolvi abrir o disco com ela justamente por ser inusitada.
Já o restante do álbum tem uma ótima pegada jazzística suingada, bem característica de seu som, né?
A gente visa sempre ao frescor nos arranjos, e as canções são baseadas na diversidade. Eu quero estar sempre mexendo com gêneros distintos. O arranjo, para mim, é como uma nova composição. Acho que a sonoridade da minha banda é bem moderna, mas inclui também elementos tradicionais. A ideia é que pareça mesmo com um clube de jazz.
Já na faixa Aridez, o clima é de jazz latino.
A salsa e a música cubana sempre me atraíram muito. Eu já fiz salsas antes como Tanta saudade, com o Chico Buarque. É um ritmo que eu adoro fazer, mas que é arriscado, porque é meio híbrido e pode sair algo horroroso. Mas só o fato de saber que estou correndo algum risco já me instiga.