A arrogância de Donald Trump, que nesta semana disse que o Brasil e a América Latina precisam "mais dos EUA do que os EUA precisam deles", pode ter um efeito indesejado para a Casa Branca: jogar o país no colo da China.
Dado de realidade, a relação Brasil-EUA é de equilíbrio. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) mostram, por exemplo, que em 2024, o fluxo comercial entre os dois países chegou a US$ 81 bilhões.
O Brasil é chave para os interesses americanos na região: pelo seu gigantismo territorial, pelo tamanho de sua população, pela importância econômica, mas principalmente geopolítica.
Nos últimos anos, a China aumentou muito seu Investimento Estrangeiro Direto na América Latina em geral e no país em particular. No encontro do G20, no Rio, em novembro, o governo chinês convidou o Brasil a integrar a Belt and Road Initiative (conhecida como Nova Rota da Seda), e Brasília disse "não". Ao menos por hora. Algns vizinhos já aderiram, como Panamá, Bolívia, Argentina, Venezuela.
O Brasil não pode dar-se ao luxo de se distanciar dos EUA, com quem mantém uma sólida relação de 200 anos, mas o projeto chinês de globalização é, sem dúvida, uma estratégia de barganha à mesa de negociação. Pequim já entendeu isso. E Washington?