O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Desde domingo (26), as imagens de um homem usando uma coroa de espinhos em alusão a Jesus Cristo e vestindo apenas uma calcinha, durante o Bloco da Laje, em Porto Alegre, tem causado polêmica nas redes sociais. No vídeo, ele aparece dançando como se fosse um striptease em cima de uma árvore.
A vereadora de Porto Alegre Mariana Lescano (PP) formalizou denúncias ao Ministério Público e à Polícia Civil, utilizando como base jurídica o artigo 208 do Código Penal Brasileiro, que tipifica como crime a intolerância religiosa.
Ela também protocolou um projeto de lei que prevê multas, suspensão de futuros eventos e proibição de captar recursos públicos para quem desrespeitar símbolos religiosos.
— Desta vez foi a fé cristã que foi abalada, mas o projeto de lei contempla todas (as crenças). As próximas podem ser as religiões de matriz africana, judaicas e outras — afirmou.
Mariana explicou à coluna que, se o projeto for aprovado, a multa seria aplicada à pessoa física. A organização seria punida com suspensão de futuros eventos por 24 meses e proibição de captar recursos públicos.
Questionada sobre como os organizadores poderiam controlar o acesso das pessoas eventos, já que a maioria ocorre em áreas abertas, a vereadora explicou:
— Apesar de abertos (os eventos), eles (a organização) têm de ter fiscalização do que está ocorrendo.
Por se tratar de um projeto indicativo, ele vai para a avaliação do prefeito e e depois retorna para Câmara.
Universidade rebate envolvimento
O caso também gerou controvérsia porque envolveu a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Circulou nas redes sociais que a pessoa que havia divulgado o vídeo na internet pertenceria ao quadro docente da instituição. A universidade esclareceu à coluna que nem o homem que realizou a perfomance nem a pessoa que divulgou o vídeo tem vínculo com a Unisinos. Conforme a assessoria de imprensa da instituição, o autor já foi docente, porém não integra mais o quadro de professores.
A seguir, a íntegra da nota da Unisinos.
"Atenta às manifestações nas redes sociais que atribuem a publicação de um vídeo como de autoria de uma professora da Unisinos, a Universidade vem a público informar que a postagem foi realizada por uma pessoa que não faz parte do seu quadro de docentes. Vale ressaltar que o compartilhamento de informações falsas por meio das redes sociais é crime. A Unisinos repudia veementemente o uso indevido das redes sociais para publicações sem apuração, com o único objetivo de prejudicar uma instituição que tem mais de 50 anos de história. Sendo Jesuíta, a Unisinos tem como uma de suas finalidades a assistência social à difusão da fé e ética cristãs preconizadas pelas diretrizes da Companhia de Jesus. A Universidade se manifesta contrária a qualquer forma de exposição que se configure como intolerância religiosa e reafirma sua dedicação a princípios que norteiam sua missão: fé, justiça e serviço à sociedade."