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Qual a diferença entre um ditador que usa armas químicas contra sua própria população e de um empresário que adultera o leite com soda cáustica e água oxigenada?
Poucas. Talvez a única seja que, no caso do primeiro, ele visa a sua manutenção no poder e provocar terror entre civis com fins políticos. O segundo tem por trás a ganância: fazer render o produto para ganhar mais dinheiro.
No mais, sobram semelhanças: Bashar al-Assad e o engenheiro químico preso na 13ª etapa da Operação Leite Compensado, em Taquara, no Estado, nesta quarta-feira (11), utilizam-se de substâncias que matam, rápido ou devagar, ou podem deixar sequelas. O sarin de Al-Assad tem extrema potência sob o sistema nervoso. Soda cáustica é cancerígena.
Tanto Al-Assad, que fugiu para não ser morto, quanto o "Alquimista" gaúcho são reincidentes. O primeiro atacou várias vezes a população civil com armas químicas, o mais trágico em Ghouta, em 2013, durante a guerra civil síria. O segundo já havia sido preso em 2014 em apuração sobre adulteração do produto.
11.863 km separam a Síria do Rio Grande do Sul. Duas realidades diferentes de uma mesma sociedade doente. Extremamente doente.