
O presidente haitiano do Haiti, Jovenel Moïse, foi morto no último dia 7 por um comando armado que invadiu a residência oficial, em Porto Príncipe.
No grupo, havia quatro mercenários que já estavam no país. Outros chegaram na véspera, cruzando a fronteira com a República Dominicana. Alguns são ex-soldados das forças especiais da Colômbia. Na hora da invasão, alguns passaram-se por agentes da DEA (agência antidrogas dos EUA). Pelo menos um dos suspeitos era uma fonte confidencial da DEA, conforme a própria agência confirmou à rede CNN. Veja o que se sabe até agora.
Onde foi planejada a morte?
O assassinato foi arquitetado na vizinha República Dominicana, país que divide com o Haiti a Isla Hispaniola. Em uma foto que viralizou nas redes sociais, é possível ver duas pessoas - entre os suspeitos depois detidos pela polícia - e o ex-senador Joel John Joseph, alvo de ordem de prisão, participando de uma reunião. Segundo a polícia, as pessoas na foto estavam planejando a ação. Ao redor da mesa estariam os autores intelectuais, um grupo de recrutamento técnico e um grupo de arrecadação de fundos. Outra parte da operação foi planejada na Flórida, segundo as investigações.
Quem já foi preso?
Até o momento, 21 pessoas foram detidas, incluindo 18 colombianos e três haitianos, dois deles também com nacionalidade americana. Três colombianos foram mortos pela polícia na caçada. Algumas pessoas que aparecem na foto também já foram detidas. É o caso do médico Christian Emmanuel Sanon e de James Solages, que coordenou a ação com a empresa de segurança venezuelana CTU, com sede em Miami. Na imagem também aparece Antonio Emmanuel Intriago Valera, responsável da CTU, assim como o chefe da empresa Worldwide Capital Lending Group, Walter Veintemilla, alvo de investigação porque teria arrecadado fundos para financiar o assassinato.

Quem são os mandantes e qual o motivo?
A principal suspeita é de que o médico e pastor Christian Emmanuel Sanon, 63 anos, tenha organizado a trama para assassinar o presidente com o objetivo de tomar o poder no Haiti. Ele nasceu em Marigot, no Haiti, e ajudou a administrar clínicas médicas no país para a Rome Foundation, organização sem fins lucrativos com sede na Flórida e que realizava trabalho humanitário no Exterior. Seus vídeos na internet defendiam mudança de regime no Haiti e a necessidade de uma nova liderança. Em sua casa, foram apreendidas munições, coldres para rifles e pistolas, alvos para treinamento de tiro não utilizados, bonés com dizeres da DEA e quatro placas de carro da República Dominicana. A investigação está em andamento, e não se pode descartar outros interesses na morte de Moïse. Na quarta-feira (15), a emissora de TV Caracol, da Colômbia, informou que o primeiro-ministro interino do Haiti, Claude Joseph, teria passado a ser investigado também como suspeito de mandar matar o Moïse para tomar o poder. A polícia haitiana nega. Joseph deixaria o cargo no dia em que Moïse foi morto. Dois dias antes, o presidente havia nomeado Ariel Henry como próximo primeiro-ministro do país, substituindo, assim, o atual. Com a morte, a troca não ocorreu, ainda que Henry reivindique o cargo.
Os EUA estão envolvidos?
Não se sabe até que ponto. Dois antigos informantes da DEA são suspeitos do crime, um está preso e o outro, foragido. O Pentágono admitiu que treinou alguns dos militares colombianos envolvidos no crime - porém, isso não significa que tenha partido do governo americano a ordem, uma vez que parcerias entre as forças armadas dos EUA e da Colômbia são antigas. Os americanos treinaram muitos militares colombianos desde os tempos da guerra contra as Farc, como parte do Plano Colômbia.
E a segurança do presidente?
Esse é outro mistério. Os assassinos entraram na residência oficial com muita facilidade. Provavelmente, houve facilitação. Dimitri Hérard, chefe da segurança presidencial, e três agentes foram detidos.