A crise institucional venezuelana se aprofunda no buraco de um impasse que parece sem solução. Depois de adiar as eleições regionais para manter uma falsa maioria entre os governadores e de suspender o processo do referendo revogatório, o presidente Nicolás Maduro diz que vai dialogar. Pois então... e o Parlamento da Venezuela, de maioria opositora, aprovou dar início a um julgamento "político e penal" contra Maduro para determinar sua responsabilidade na "ruptura do fio constitucional" com a suspensão do referendo revogatório, ao que o presidente reagiu com a convocação do Conselho de Defesa para enfrentar o "golpe parlamentar". A Assembleia Nacional Legislativa determinou a comissão que prepare um estudo "sobre a responsabilidade" penal e política e "o "abandono do cargo" - uma figura prevista na Constituição quando o presidente deixa de exercer suas atribuições. Os militares saíram a público para reiterar sua "lealdade incondicional" a Maduro. Hmmm... Pouco antes da votação, o deputado Diosdado Cabello, número dois do chavismo, tinha qualificado a iniciativa de "absurdo", lembrando que o parlamento foi declarado em "desacato" pela Justiça (que é totalmente dominada pelo governo) e suas decisões, consideradas nulas. A Venezuela passa por uma gravíssima crise socioeconômica, com desabastecimento de 80% da cesta básica, a maior inflação do mundo e índice de homicídios equiparável ao de países em guerra. No campo institucional, o diálogo está rompido, e há mais de cem presos políticos no país. Do Exterior, ONGs de direitos humanos, a OEA e a ONU criticam o autoritarismo do regime chavista. Na Venezuela, nesta quarta-feira, diversas manifestações falam em "tomada" do país, partindo do princípio de que ele vive sob uma ditadura.
Corda esticada
Entenda esta complexa quarta-feira com o agravamento do gravíssimo impasse institucional venezuelano
Protestos nas ruas, rompimentos de vias constitucionais e promessas duvidosas de um diálogo que seria mediado por um emissário do Papa
Léo Gerchmann
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