
Enquanto o Brasil discute o que fazer para evitar escassez ou racionamento de diesel, a Argentina já vive situação de desabastecimento.
Como informam o site (clique aqui para ver) e a edição impressa do maior jornal do país, Clarín, já falta diesel (lá, diesel é gasoil, e gasolina é nafta) em oito províncias (equivalentes a Estados no Brasil). "Apesar da promessa do governo", observa a manchete.
Conforme o Clarín, o problema se concentra nas províncias do norte da Argentina, também a mais pobre do país: Salta, Jujuy, Formosa, Tucumán, Santa Fe, Entre Ríos, além de Misiones e Corrientes, que fazem fronteira com o Rio Grande do Sul.
A Federación Argentina de Entidades Empresarias del Autotransporte de Cargas (Fadeeac), que reúne 43 câmaras de transporte do país, criou um sistema de monitoramento do abastecimento de diesel. O mais recente, conforme o Clarín, tem como título "o semáforo de combustível tingiu-se de vermelho".
O detalhamento do mapa ajuda a entender que a Argentina enfrenta racionamento: a cor laranja, em vigor na capital do país, Buenos Aires, equivale à situação em que está disponível abastecimento de apenas 20 litros por veículo. Além da Capital Federal, estão nessa situação as províncias de Chaco, Santiago del Estero, Córdoba, San Juan, Mendoza e Buenos Aires (também a província, não só a cidade).
Na Argentina, parte do problema é atribuído à falta de divisas. Depois de uma forte fuga de dólares, o banco central do país não tem quantidade suficiente para fazer todos os pagamentos em moeda estrangeira. Como o diesel tem subido muito no mercado internacional, mais até do que a gasolina, a situação se agravou mais rapidamente lá do que aqui.
Mas ainda dá tempo de fugir dos famosos Efeito Tango e Efeito Orloff (aquele segundo o qual o Brasil é a Argentina amanhã). Entre as medidas estudadas para tentar resolver a escassez por aqui, existe uma que também é sinal de um enorme potencial do Brasil: aumentar a adição de biodiesel no derivado de petróleo. A proporção, que já caiu para 10% na tentativa de baixar preços — sem sucesso, como agora se sabe — agora pode subir para 13%. Não é muito, mas é uma perspectiva de solução. E o mais importante: leva o risco a sério.
A política de preços da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI), adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.