Há um tempo, ou um dia – às vezes dias –, em que a gente pensa ter dito tudo, escrito tudo, lido todas as coisas boas e belas ou loucas e mortais: "Nunca mais vou escrever nada". Pensei nisso várias vezes na vida. Mas de repente me dava conta de que eu nasci ao menos para isso: para falar, sobretudo por escrito, com esses tantos leitores que pelo país afora, alguns no Exterior, nos lugares mais improváveis, leem o que escrevo. Por mais cansativo, repetitivo, chato quem sabe, sempre alguém em alguma parte vai ler, vai se recostar na poltrona ou no sofá ou na cadeira da cozinha, e pensar: "Parece que ela escreveu pra mim". Isso, acreditem, mesmo que eu nunca venha a saber, é o que faz a escrita valer a pena.
Crônica
Sempre temos as palavras
Eu nasci ao menos para isso: para falar, sobretudo por escrito, com esses tantos leitores que pelo país afora
Lya Luft
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