Nas escolas onde estudei, muitas vezes, dizem que fui uma aluna exemplar. Não é verdade. Fui boa em português, escrevia direitinho, porque desde sempre li feito maluca e, lendo, aprende-se a escrever. Era péssima em exatas, matemática e outros me derrubavam fácil, muitas vezes fui aprovada, como dizia minha mãe, “com as calças na mão”, ou – conforme ela também afirmou para um grupo de jornalistas – eu era “aluna nota vírgula”, porque, se precisava de um seis, os professores, segundo ela por pena, me davam seis vírgula um ou dois. Fofocas maternas, feitas com algum humor, mas realmente não fui boa aluna. Primeiro, queria estar em casa, lendo na cama ou no terraço ou ainda no gramado, porque queria entender o mundo e, por alguma razão, acreditei até já ser mãe de família que as respostas deviam estar nos livros. Além disso, era inquieta, facilmente me entediava, tinha frouxos de riso por bobagens, adorava uma conversinha e não uma só vez empurrei devagar até a beira da minha mesa o estojo de lápis, canetas e borrachas até ele cair no chão, espalhando conteúdo e levando alguns colegas a se botarem de quatro para juntar tudo, diante dos olhos furiosos do mestre.
Crônica
Não quero saber
Se eu não fosse viciada em notícias, iria resumir minha televisão aos seriados criminais, à National Geographic e a alguns ótimos programas de arte
Lya Luft
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