Infelizmente, Neymar tomou, aos 31 anos, o caminho da pré-aposentadoria na Arábia Saudita. Será um bilionário ao final da carreira, não há dúvida disso, mas o debate aqui está longe de passar por dinheiro. É esportivo, é de ambição, é de superação, é de se desafiar todos os dias para ir dormir melhor do que quando acorda.
Neymar faz aos 31 anos o que fizeram Cristiano Ronaldo, aos 37, e Messi, aos 36. E sem ter sido o melhor do mundo e entregue tudo o que ele tinha. Desde Ronaldinho, o Brasil estava carente de um jogador capaz de reinar como o número 1 do planeta. Neymar talvez tenha sido o mais próximo que tivemos do astro gaúcho. Que foi, na minha modestíssima opinião, quem tinha lastro para chegar perto do que foram Pelé e Maradona.
Neymar fez sua opção. É preciso respeitá-la. Porém, é direito nosso também discordar dela. Para ser Cristiano Ronaldo e Messi, é preciso fazer escolhas na vida. Mais, é preciso ser abnegado, fazer sacrifícios, trocar o sentido de prazer. Em vez de vir com distensionamento, o prazer de quem quer estar no topo é estar sempre mobilizado, com foco e concentração. Neymar tentou conciliar ambos os prazeres. E isso o Olimpo do futebol não permite.
É justo dizer também que a ida para a Arábia está longe de ser uma escolha só de Neymar. A Europa também tem participação nisso. O Barcelona declinou da oferta feita pelo PSG. Mesmo com a saída anunciada de Paris, ninguém de ponta da Premier League se interessou. Tampouco o Bayern, que acaba de levar Kane por uma babilônia, fez oferta.
Restou o caminho da Arábia. Ganhará R$ 1,7 bilhão por dois anos no Al Hilal. É dinheiro que não acaba mais. Por cada postagem ou story em seu Instagram citando o país, ganha R$ 1,7 milhão. O contrato ainda prevê avião particular à disposição e uma mansão em Riad.
É o consolo para, aos 31 anos, ver a chance de ser o melhor do mundo derreter no deserto. Tempo para isso haveria, se estivesse em clube de ponta das grandes ligas. Cristiano ganhou o The Best aos 31 e aos 32. Levandowski, aos 32 e 33. Messi, aos 32 e aos 35. Modric, aos 33. Idade, como se vê, não era o desafio de Neymar.