A Conmebol apresentou ontem, em videoconferência, os resultados financeiros de 2019. Impulsionada pelo novo contrato de TV, ela fechou o ano com faturamento de R$ 2,6 bilhões. É uma amostra de eficiência, claro. Deve-se louvar também a transparência, afinal, até a chegada de Alejandro Dominguez, as contas não eram abertas. Não foi de graça que seus três antecessores no cargo acabaram presos. A Conmebol também anunciou a criação de um fundo de R$ 142 milhões para ser usado em socorro do futebol sul-americano.
Tudo muito bonito, pela eficiência e pela solidariedade em dividir parte dos lucros. Mas para por aí. Por que as cifras apresentadas mostram que há uma distorção enorme na indústria do futebol. É dinheiro demais nas mãos de confederações e de menos nas mãos dos clubes, os verdadeiros motores da engrenagem.
Sem clube não haveria futebol, formação de jogador, enfim, base para que a indústria crescesse nessa proporção. O que se vê são cartolas gerindo orçamentos suntuosos e dirigentes de clubes, em sua esmagadora maioria aqui na América do Sul, passando o chapéu.
Definhando
Há algumas semanas, vimos a CBF apresentar sua musculatura financeira. O faturamento em 2019 bateu perto de R$ 1 bilhão. O lucro foi de R$ 190 milhões. Somando os três últimos anos, são R$ 300 milhões.
Uma caixa abarrotado em um país em que mais de 500 clubes sem série temem pelo futuro porque a pandemia parou as competições e criou um cenário aterrador Jogadores, aqueles 95% assalariados, temem a fome. Pior do que isso, enxergam um horizonte cinza, sem ter onde trabalhar ali na frente. A realidade é essa.
Por tudo isso, destoam demais os bilhões apresentados com orgulho pelos cartolas das federações. Mérito deles, de suas gestões eficientes. Só que passou da hora de dividir esse quinhão. Até porque federação não foi criada para ser banco, mas para nortear a vida dos clubes. E muitos estão definhando neste momento.