A iminente perda de Marcelo Grohe para o Al Ittihad vai muito além dos aspectos técnicos. Eles, por si só, já representam uma baixa significativa para o time em 2019. Só que Grohe é mais do que um goleiro. Trata-se de uma liderança de vestiário e uma referência do clube. Era o único jogador do grupo cujos direitos econômicos com 100% do Grêmio, conforme revelou o presidente Romildo Bolzan Júnior em entrevista recente.
Paulo Victor até pode preencher a lacuna que o titular deixará no gol gremista. Mas, para entregar o resto, precisará de um bom tempo — e, principalmente, de títulos. Grohe sempre foi voz ouvida no vestiário azul. Mesmo quando nos tempos de reserva — e ele foi reserva de Gallato, Saja, Victor e Dida. Soube esperar sua vez. Enquanto ela não chegava, trabalhava. Por isso, construiu uma história rica e marcante no clube. Chegou aos 13 anos, no verão de 2000, como mais um guri para a base. Caso se confirme a transferência para a Arábia Saudita, deixa Porto Alegre como um dos símbolos de uma era vitoriosa do Grêmio.
Vamos combinar que US$ 3 milhões não pagam nem uma luva de um goleiro da estatura que Grohe atingiu na Arena. Mas os clubes, em uma situação dessas, viram reféns. Os árabes seguiram a receita dos gigantes europeus. Ou seja, baratinam o jogador com uma proposta astronômica e esperam sentados a hora de assinar o cheque e levá-lo para casa.
Agora, resta ao Grêmio buscar no mercado mais um goleiro. Paulo Victor até pode assumir a posição e fazer uma transição segura. Só que substituir um goleiro do tamanho de Grohe é um desafio espinhoso. A cautela manda, em um caso desses, ter um plano B na manga.