Como era um banco em meados do século 20 e um bancário "à moda antiga"? E quais eram os sons das velhas máquinas de calcular, de escrever e de bater ponto? De um jeito divertido, colorido e lúdico, a exposição Memória Vintage: bancando a economia, abre as portas nesta terça-feira (1º) no Farol Santander, em Porto Alegre, contando tudo isso e mais um pouco.
Com curadoria impecável de Luciana Tomasi e Angela Bohrer e coordenação-geral de Carlos Gerbase, a mostra é uma viagem no tempo. Se você tem filhos, netos, afilhados ou sobrinhos, vai por mim: vale demais a visita. Pode levar a família inteira, inclusive os avós.
Estive lá na última segunda-feira (31), véspera da abertura, e vi tudo em primeira mão.
Veja o vídeo que fiz na exposição:
A mostra foi montada em um setor do prédio antes usado como área administrativa e de manutenção. Fica logo à direita no saguão de entrada. É um espaço bonito, com pé direito alto, antes fechado ao acesso do público.
Além de falar da origem do comércio e do dinheiro (tem um vídeo com um desenho animado logo na entrada), a exibição literalmente recria um banco clássico, com mobiliário original, objetos históricos e até a possibilidade de "conversar" com um funcionário virtual.
Parte dos objetos usados tem origem no acervo histórico do Santander Brasil, em São Paulo, que abriga a memória física de vários outros bancos, alguns deles criados ainda no século 19.
— Fomos lá pesquisar e escolhemos peças por peça — conta Angela.
Também há material do próprio Farol Santander Porto Alegre. São itens que estavam no subsolo e foram salvos da enchente por pouco.
— Umas duas semanas antes da catástrofe, a gente pegou tudo e trouxe para cima. Foi sorte. Acabamos salvando muita coisa assim — conta Lu.
Um antigo cofre com gavetas de ferro e inúmeras placas de bronze ficaram na lama e tiveram de ser limpos e revitalizados. Estão lá, brilhando.
O visitante pode ainda contemplar lustres originais, relógios, relatórios ricamente ilustrados, cédulas, moedas e obras de arte. Um dos pontos altos é o maquinário usado no passado — tem cada raridade!
Para quem vive conectado e usa apenas serviços digitais, a exposição é um jeito legal de entender como os processos financeiros aconteciam no passado (e o quanto evoluíram desde então).
Para os visitantes mais experientes, conhecer o espaço será, no mínimo, um passeio nostálgico e divertido. Eu adorei.
Alguns destaques
A exposição conta com instalações interativas e imersivas.
Interatividade com caixa de banco antigo

Nesta instalação, o visitante pode "conversar" com um funcionário de banco e escolher entre três serviços: abrir uma conta, guardar valores no cofre ou solicitar um empréstimo.
Instalação sonora

É possível ouvir os sons característicos de oito equipamentos amplamente utilizados nos bancos do século passado, como máquinas de calcular mecânicas, máquinas de escrever, telefones internos e relógios de ponto.
Espaço instagramável e imersivo
Uma projeção explora a relação entre as cédulas de dinheiro e os ideais humanos. Você acessa o local por uma cortinha de plástico e pode tirar selfies lá dentro. Veja no vídeo que fiz.
Sala de projeção no teto

Em um ambiente confortável e envolvente (com muitos pufes), a instalação permite ao visitante observar o planeta Terra girando, enquanto aprecia uma seleção de artes gráficas presentes em cédulas de dezenas de países de todos os continentes.
Serviço
- O quê: exposição Memória Vintage: bancando a economia
- Onde: no Farol Santander POA (Rua Sete de Setembro, 1028 — Centro Histórico, Porto Alegre), nas salas expositivas do lado direito
- Quando: desta terça-feira (1º) até 29 de junho
- Quanto: entrada gratuita
- Acessibilidade: a exposição conta com acessibilidade física plena, disponibilizando os principais textos em braile e oferecendo vídeos narrativos com legendas e tradução em libras
- Visitas guiadas e oficinas: serão organizadas visitas guiadas por monitores para atender pessoas com necessidades especiais. Também estão previstas oficinas educativas, realizadas em parceria com escolas, voltadas para estudantes do ensino fundamental e médio
Realização
A exposição é apresentada pelo Ministério da Cultura, pelo Santander Brasil e pela Prana Filmes.
As curadoras
Luciana Tomasi

- É diretora da Prana Filmes. Formou-se em jornalismo pela UFRGS.
- Foi produtora das exposições “Moacyr Scliar, o Centauro do Bom Fim”; “Sioma Breitman, retratista de Porto Alegre” e “Lupi, pode entrar que a casa é tua”
- Começou a carreira no cinema no início dos anos 1980, filmando em Super8, e atuou em dezenas de filmes, conquistando mais de 200 prêmios no Brasil e no Exterior
- Produziu 15 longas-metragens, alguns para Columbia Pictures e Fox Films, programas para a TV Globo e mais de 30 curta-metragens.
- Foi uma das fundadoras da Casa de Cinema de Porto Alegre
Angela Bohrer

- Arquiteta formada em 1982 pela Faculdade de Arquitetura da UFRGS
- Ao longo da carreira, atuou em diferentes áreas da arquitetura, como projetos residenciais, comerciais, industriais, de lazer, uso público e institucional
- É craque em expografia e, com seu olhar de arquiteta, ajudou a dar forma à exposição no Farol unindo o novo e o antigo, o tradicional e o moderno