![Mateus Bruxel / Agencia RBS Mateus Bruxel / Agencia RBS](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/5/3/9/0/4/1/5_d0b5f253d92446b/5140935_b0ba79c0f62a129.jpg?w=700)
Foram quatro vezes desde dezembro. O pichador rabiscou, o condomínio apagou. Ele agiu de novo, e a resposta foi a mesma. Não satisfeito, repetiu o gesto. Até que, da última vez, deixou estampado no muro um deboche em caixa alta e mau português:
"Vamo vê km têm + tinta + dispo" (traduzindo: "vamos ver quem tem mais tinta e mais disposição"), como mostra a imagem captada pelo fotojornalista Mateus Bruxel, de GZH, nesta segunda-feira (10), em Porto Alegre.
Não é ficção. É um diálogo urbano (se é que se pode chamar assim) traçado no muro de um prédio na esquina da Rua Liberdade com a Mariante, no bairro Rio Branco.
A síndica, que prefere não ser identificada, me contou que as pichações eram recorrentes em 2024, até que os moradores decidiram cobrir a parede com tinta antipichação. De nada adiantou.
— É um absurdo. Depois dessa última provocação, eu disse para o seu José, que limpou a sujeira das outras vezes, para a gente dar um tempo. Porque, mesmo sendo uma tinta especial, precisa de solvente para tirar e dá trabalho — lamenta a senhora.
Ela perdeu as contas de quanto já foi gasto devido ao pichador. Ah, e antes que alguém aí venha me dizer que a mensagem desafiadora deixada pelo sujeito é "arte", já aviso: entendo que arte é outra coisa.
A solução? Talvez fosse, isso sim, a criação de um belo mural, um grafite vivo e colorido, uma pintura como as que têm enfeitado prédios na cidade, mas essa é uma decisão que só cabe ao condomínio — com ou sem pichador, que, aliás, deveria responder à lei.